Vítima de roubo e sequestro é salva por GMs na 'cracolândia' da Ponte em Jundiaí; 'Deus me ouviu'
A vítima foi sequestrada na rodovia Constâncio Cintra e levada para um cativeiro na "cracolândia" da Ponte São João, onde foi libertada por guardas municipais após denúncia anônima
Por Fábio Estevan
"Desde o momento em que me colocaram no carro e me sequestraram, já comecei a achar que iria morrer. Pensava nisso a todo instante durante o tempo em que fiquei em poder dos bandidos, rodando pela favela (Jardim São Camilo), procurando um cativeiro que aceitasse ficar comigo. E quando me deixaram no matagal, sentado de cabeça baixa e com as mãos para trás, eu comecei a orar, pedindo a Deus para que enviasse um policial ou qualquer outra pessoa para me salvar". O relato feito ao Jornal de Jundiaí é de um caminhoneiro de 52 anos, mineiro de Contagem, em Minas Gerais, marido e pai de dois filhos adolescentes - gêmeos de 17 anos -, pouco depois de ser libertado por guardas municipais do Apoio Tático de um cativeiro em meio a uma área de mata na região da 'cracolândia' da Ponte São João, em Jundiaí, na manhã desta quinta-feira (19), duas horas após ter sido rendido e ter o caminhão roubado na rodovia Engenheiro Constâncio Cintra. No ato de sua libertação, um homem, que o mantinha retido, foi preso.
Cerca de 40 minutos depois, o caminhão da vítima foi recuperado também por GMs, por uma equipe do Bairro Seguro, enquanto transitava pela avenida Antônio Frederico Ozanan, na Ponte São João - o homem que conduzia o veículo também foi preso.
Tanto os suspeitos detidos, quanto a vítima, foram conduzidos ao 3º DP, na Ponte, onde a ocorrência foi registrada.
ROUBO, MEDO E ORAÇÃO
Era por volta de 7h50 quando, o caminhoneiro, que vinha de Contagem transportando uma pequena carga de cerâmica, foi abordado por dois bandidos em um carro, enquanto transitava pela Constâncio Cintra. "Esses dois homens no carro emparelharam comigo na pista, me avisando que havia algo de errado no caminhão. Preocupado e agradecido, parei no acostamento para verificar o que estava acontecendo. Nesse momento esses dois homens pararam também e deram ré. Foi muito rápido. Um deles desceu e simulou que iria me pedir uma informação, estendendo a mão para me cumprimentar. Quando segurou minha mão, ele anunciou o roubo, pedindo que eu não reagisse, ou então iria me 'fritar' ali mesmo", contou o caminhoneiro. "Eu fiquei nervoso e fingi estar passando mal, para que não me levassem, mas eles mesmo assim me colocaram no carro".
No carro o caminhoneiro ficou em poder dos sequestradores, enquanto que, mais atrás, outra parte da quadrilha - que a vítima não viu -, levou o caminhão. "Foi então que passamos a rodar. Na favela, eles foram a vários lugares, vários cativeiros, perguntando se poderiam ficar com a 'desova'. Diante de várias recusas, eles ainda comentaram comigo; 'ninguém que ficar com você em tio'. Até que neste matagal (na cracolândia), perguntaram para um homem que estava lá e esse aceitou ficar comigo. Negociaram algo e fui entregue a esse homem, que me levou para o mato e me colocou sentado. Na cintura dele havia um ferro e um outro objeto metálico, com o qual fui ameaçado. Senti muito medo e tudo o que eu podia fazer era orar. Foi o que fiz", contou a vítima.
ORAÇÃO ATENDIDA
Religioso e homem de fé, o caminhoneiro acredita que tenha tido uma resposta de Deus enquanto orava. Isso porque, uma pessoa que passava por uma rua próxima, de onde era possível visualizar parte do terreno da cracolândia, notou que havia um homem sentado no matagal, possivelmente sendo vigiado por uma pessoa que estava ao seu lado.
Desconfiada, essa pessoa telefonou na GM informando sobre sua suspeita. O Centro de Operações Táticas (COT) irradiou sobre o caso para viaturas e patrulhamento, sendo que a equipe supervisionada pelo subinspetor Vaz, formada pelos GMs Zarantonello, Pierre e Pereira, foi imediatamente para o local. "Quando nos aproximamos, notamos que um homem com as mesmas características apontadas pelo denunciante, estava na rua, em frente a este terreno. Quando nos viu, ele correu para o mato. Nós desembarcamos e fomos atrás, conseguindo detê-lo", disse o Zarantonello, que completou. "Ele negou que estivesse ocorrendo algo de ilícito por ali, mas escutamos um barulho no meio do mato e, ao verificar, achamos a vítima, que logo ergueu os braços pedindo ajuda".
O caminhoneiro neste momento a vítima começou a chorar e agradecer a Deus por atender a suas orações. Ao JJ, na delegacia, ele disse: "foi um momento de muita emoção, inexplicável, agradeci muito a Deus. Ali eu já sabia que não morreria mais, pensava na minha família", comento o caminhoneiro.
O CAMINHÃO
De posse da placa do caminhão, informada pela vítima, várias outras equipes da GMs passaram a patrulhar em pontos estratégicos. E foi aí que os guardas Maio e De Sá, do Bairro Seguro, entraram em ação. "Fomos informados de que o caminhão estava passando pela marginal do Rio Jundiaí, vindo de Várzea Paulista. Conseguimos interceptá-lo na Ozanan, no cruzamento com a avenida São João. Ele logo se entregou e confessou ser parte da ação criminosa, contanto que pegou o caminhão em Várzea e iria levá-lo para Campinas. Essa era a função dele na quadrilha", comentou De Sá.
Ele recebeu voz de prisão e foi levado para a delegacia, assim como o caminhão, que foi devolvido à vítima.
* com informações do Jornal de Jundiaí