Solidão pode reduzir anos de vida e influenciar na saúde dos idosos
A solidão é um fator que influencia na maneira como as pessoas irão envelhecer. Segundo o geriatra e psiquiatra Ivan Aprahamian, da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), ela está associada ao fato de o ser humano ter mais ou menos anos de vida e também ligada diagnósticos de demência e depressão.
“Existem alguns estudos, principalmente no período pós-Covid, de acompanhamento de pessoas ao longo do tempo que mostram que o isolamento social e/ou a solidão são fatores de risco importantes para alguns problemas de saúde na terceira idade”, comentou.
Segundo ele, evitar a solidão nem sempre quer dizer estar rodeado de amigos ou familiares, já que em muitos casos, com o passar dos anos, as pessoas mais idosas vão perdendo os entes queridos. “A grande questão é ser um indivíduo ativo, que sai de casa, vai ao médico, vai até o supermercado, ao banco, que pratica algum tipo de exercício. O engajamento social é muito importante.”
A solidão, de acordo com o geriatra, é o princípio de uma situação subjetiva, de estar sozinho. “Estar sozinho não é simplesmente não ter alguém para conversar. É se isolar do contato social, que acontece quando existe uma rotina ativa.”
Outro ponto relevante mencionado pelo médico é o fato de as pessoas confundirem a aposentadoria do trabalho com uma aposentadoria da cabeça, do afeto e de ações como pessoa. “Aposentamos formalmente no trabalho aos 60, 65 anos, porém precisamos de uma rotina e de planos para o que vem depois. Dias para caminhar, para ir ao supermercado, para visitar pessoas queridas. Coisas simples, fáceis de implementar, altamente acessíveis na nossa rotina. Isso tudo, obviamente, nos afasta da solidão.” Idas ao médico, autocuidado e boa alimentação também são listados pelo especialista para um envelhecimento saudável.
Longevidade – Dr. Ivan menciona o documentário, disponível na Netflix, chamado ‘Como Viver Até os 100’, que traz a história de pessoas longevas em diversos cantos do mundo. “São mostradas cidades nas quais os centenários são boa parte da população. Ao longo desse projeto, os cientistas identificaram que, entre os fatores para a longevidade dos entrevistados, está a ausência da solidão.”
Segundo dr. Ivan, em alguns casos essas pessoas não contam mais com familiares vivos, porém, têm o tão falado engajamento social na comunidade em que vivem. “Eles fazem algo que para nós ficou obsoleto, que é saber quem é o vizinho do lado, perguntar se ele está bem, se precisa de algo. Hoje em dia, passamos anos sem saber quem mora na casa da frente.”
Os idosos do documentário também têm rotinas estabelecidas. “São ativos física e mentalmente. A vida é feita de coisas simples. Se a gente esperar grandes atividades e mudanças para se sentir vivo ou ativo, esse momento não vai chegar. Não precisamos delegar coisas complexas para nossas vidas, essas coisas desanimam. Nosso dia a dia precisa ser descomplicado para funcionar.”
O médico lembra também que, salvo em condições em que existem questões mentais, os idosos do documentário se mantém ativos socialmente mesmo usando bengalas, cadeiras de rodas ou andador.
Assessoria de Imprensa