Sistema de saúde na RMC está à beira do colapso, afirma infectologista
Na foto, movimento na Francisco Glicério antes de o governo estadual e a Prefeitura decretarem o fechamento do comércio
Foto: Lucas Selvati
Estudo do Observatório PUC-Campinas revelou que a Região Metropolitana de Campinas (RMC) fechou a 9ª semana epidemiológica (28/02 a 06/03) com 4,7 mil novos casos e 146 novos óbitos, o que representa um aumento de 0,90% e 12,30%, respectivamente, em relação à semana anterior. De acordo com análise do infectologista dr. André Giglio Bueno, publicada em nota técnica do Observatório PUC-Campinas, “os dados crescentes deixam o sistema de saúde de toda região à beira do colapso”.
Os números levantados pelo Observatório PUC-Campinas mostraram, ainda, que o Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-Campinas) registrou aumento de 4,6% nos casos e 22,7% em relação às mortes.
“No DRS-Campinas, houve aumento de 17% nas internações em leitos intensivos, a terceira semana seguida com números em ascensão, algo que sem dúvida sobrecarrega qualquer sistema de saúde. Infelizmente, boa parte da população ainda não entendeu a gravidade da situação”, comentou Bueno.
Situação econômica
De acordo com indicadores, as restrições no funcionamento das atividades econômicas, impostas pelo recuo da região à fase vermelha do Plano São Paulo, já evidenciam questões mais graves. De acordo com o IBGE, o PIB brasileiro teve queda de 4,1% em 2020, em relação ao ano anterior -, pior resultado na série iniciada em 1996. Com isso, a taxa de desemprego atingiu 13,5% no País, sendo que 15,3 milhões de pessoas já não procuram emprego devido à pandemia ou à falta de trabalho em suas regiões.
Para o economista Paulo Oliveira, que coordena as análises relativas à covid-19 do Observatório, é necessária urgência na aprovação de medidas de proteção do emprego e da renda, enquanto a imunização em massa da população não ocorre.
Oliveira afirmou que o momento exige uma política expansionista de gastos por parte do governo, num movimento semelhante ao de outros países, para fazer frente às demandas de saúde e mitigar os impactos sociais e econômicos da crise. “Na contramão, o governo retraiu seus gastos em 4,7%, uma redução histórica em um ano tão atípico”, disse.