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Por Redação

Sete cidades da RMC se unem para promover a gestão do lixo

Prefeituras criam consórcio para construir central que transformará resíduos em energia

Por Redação

Foto: Ricardo Lima

Em virtude da urgência em buscar uma solução eficiente para a gestão do lixo, que é um problema comum aos centros urbanos, o Consórcio Intermunicipal de Manejo de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Campinas (Consimares), formado pelos municípios de Capivari, Elias Fausto, Hortolândia, Monte Mor, Nova Odessa, Santa Bárbara D'Oeste e Sumaré, criou o movimento 'Lixo Tem Valor', que promete revolucionar o tratamento de resíduos na RMC. Um dos objetivos do projeto é a criação de uma Central de Tratamento de Resíduos Sólidos em Nova Odessa, que deve começar a ser construída no segundo semestre de 2022 e concluída em 2025, para transformar os rejeitos em energia.

Os sete municípios do consórcio, que juntos somam 940 mil habitantes, encontraram uma solução conjunta para destinar as cerca de 650 toneladas de lixo produzidas todos os dias e ainda produzir energia elétrica. Ao todo, o projeto deve contar com um investimento inicial de R$ 500 milhões. Segundo um estudo realizado pelo Consimares, a usina deve gerar aproximadamente 160 mil megawatt-hora (MWh) por ano, o que seria o suficiente para abastecer quase metade da demanda energética das sete cidades.

Atualmente, 70% do lixo produzido pelas cidades participantes do consórcio são encaminhados para um aterro sanitário particular, que fica localizado em Paulínia. Outros 23% vão para um espaço municipal em Santa Bárbara D'Oeste, que atende apenas o município, e 7% são encaminhados para outro local particular, em Indaiatuba. Além da logística complexa para o transporte dos resíduos, que requer pelo menos 65 viagens em carretas de grande porte todos os dias, os custos para o processo são altos, de acordo com o Consimares. Além disso, os principais aterros da região estão próximos de seus limites e devem chegar ao fim de sua via útil em menos de cinco anos.Especialista

Para o engenheiro e mentor do projeto, Antonio Bolognesi, a Central de Tratamento tem tudo para ser revolucionária. "A planta que projetamos vai receber todo o lixo dos sete municípios do consórcio para ser tratado. Não haverá mais nenhum resíduo sendo encaminhado para os aterros", destacou. Além disso, o novo empreendimento vai contar com um departamento de reciclagem. O procedimento principal a ser realizado pela usina é a imersão térmica, técnica que utiliza temperatura de aproximadamente mil graus para incinerar os detritos.

"Além de serem transformadas em energia, as cinzas do material poderão ser utilizadas na construção civil, pois se tornam uma espécie de areia", explicou Bolognesi. O engenheiro também frisou que o projeto é baseado em 2,5 mil empreendimentos desse tipo que existem em todo o mundo. "O que vamos fazer é trazer uma tecnologia de primeiro mundo para a região".

Na opinião de Bolognesi, a solução encontrada atende tanto as necessidades imediatas dos municípios consorciados quanto às demandas futuras. "Os aterros da região não possuem muitos anos de vida útil. Ou seja, é uma saída a curto prazo. O maior aterro de todos (em Paulínia), por exemplo, deve saturar, se não antes, no mesmo período em que a Central de Tratamento for concluída", alertou. O engenheiro ressaltou, ainda, que o projeto não vai causar nenhum inconveniente para a sociedade. "É uma usina projetada para não incomodar. Não produz mau cheiro, não faz barulho e não emite fumaça", tranquilizou. Em Paris (França), segundo ele, três projetos do tipo estão localizados dentro da cidade. "Poucos percebem a existência da usina, pois não propicia nenhum malefício", reforçou.

Prazo

De acordo com o idealizador da Central de Tratamento, o empreendimento deve ser totalmente concluído no segundo semestre de 2025. No entanto, o espaço destinado para a reciclagem deve ficar pronto antes. "Como a instalação é mais simples, esse setor deve entrar em operação em 2023. As repartições da usina serão ativadas conforme o andamento das obras", explicou. Além disso, Bolognesi ressaltou que não haverá contato humano com o lixo. "Os recicladores vão lidar com os materiais chamados de limpo, os resíduos sujos serão manuseados pelas máquinas", assegurou.

Resíduos orgânicos, que são provenientes de podas de árvores, praças, canteiros e da limpeza de feiras livres, por exemplo, serão transformados em adubo por meio de um sistema de biocompostagem. Com isso, vão acabar retornando aos canteiros, parques, praças e destinados à agricultura da região. De acordo com um mapeamento feito pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), aproximadamente 80 milhões de toneladas de lixo por ano poderiam ser convertidas em fonte de energia, como é feito na Alemanha, Japão, Estados Unidos, China e França. Na Alemanha, por exemplo, após a adoção da tecnologia no tratamento de resíduos, as taxas de reciclagem passaram de 3% para 27% nos últimos 20 anos.

Brasil

Um estudo realizado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb) revelou que quase metade dos municípios brasileiros (49,9%) ainda despeja resíduos em lixões. Além disso, 17,8 milhões de pessoas no país não contam com a coleta de lixo em casa e apenas 3,85% dos resíduos são reciclados.

Uma década após a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, apresentada em 2010, o Brasil ainda tem um índice elevado de destinação incorreta do lixo. Segundo a pesquisa, 41,5% das prefeituras adotaram algum sistema de custeio individualizado para remunerar os serviços envolvendo o manuseio com resíduos.

Campinas lançou PPP para tratamento dos resíduos sólidos

Enquanto o consórcio composto por sete municípios da região planeja iniciar a construção da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos em Nova Odessa, a Prefeitura de Campinas segue em busca de uma alternativa para a gestão do lixo, em decorrência do risco de colapso dos principais aterros da região nos próximos cinco anos. Atualmente, a cidade conta com o Aterro Delta A, uma estação de compostagem e transbordo, onde os resíduos são transformados em adubo ou armazenados para a drenagem do chorume e, posteriormente, transferidos para o aterro particular de Paulínia.

Segundo dados oficiais, obtidos por meio do site da Administração, Campinas produz diariamente uma média de 850 toneladas de resíduos domiciliares e cerca de duas toneladas de materiais recolhidos em varrições feitas na área central. Por outro lado, são geradas mensalmente, em média, 110 toneladas de lixo hospitalar e 40 toneladas de detritos coletados em farmácias, clínicas, consultórios e postos de saúde. Recentemente, a Prefeitura de Campinas lançou um edital de Parceria Público-Privada (PPP), também chamada de 'PPP do Lixo', que estipula a concessão dos serviços de gestão dos resíduos pelo prazo de 30 anos por um investimento estimado em quase R$ 1 bilhão.

Uma audiência pública virtual foi realizada no final de julho deste ano para tratar do assunto. O objetivo da Administração é implementar uma gestão sustentável, com a ampliação dos serviços e um maior reaproveitamento de todos os tipos de resíduos, o que poderia ocasionar em uma redução na quantidade de material encaminhado ao aterro sanitário. Atualmente, os termos do edital estão sendo ajustados.

Escrito por:

João Lucas Dionisio/Correio Popular

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