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Por Thomas

Retrospectiva Ambiental 2024: O ano em que a Terra falou alto

COLUNA PAPO VERDE COM DANI FUMACHI

Por Thomas

Chegamos ao fim de 2024. Este foi um ano em que o planeta deixou claro que o tempo para hesitação acabou. Em cada canto do mundo, a natureza nos lembrou de sua força, seja com enchentes, incêndios, secas ou terremotos. Mas também vimos respostas humanas — algumas corajosas, outras tímidas — para enfrentar os desafios de nossa era climática.

No Brasil, as enchentes no Rio Grande do Sul entre abril e maio foram devastadoras. Mais de cento e cinquenta pessoas perderam a vida, e outras centenas ficaram feridas ou desaparecidas. Muçum, uma das cidades mais afetadas, foi descrita como "um cenário de guerra" por seus moradores. A força das águas, que não escolhe vítimas, deixou um recado claro: nosso modelo de urbanização e infraestrutura não está preparado para os extremos climáticos que se tornam cada vez mais frequentes.

Enquanto isso, no Norte, a seca extrema no Amazonas revelou um outro lado da crise. O nível recorde de baixa dos rios deixou comunidades ribeirinhas isoladas e espécies aquáticas ameaçadas. A floresta que respiramos sofreu, mais uma vez, pelo impacto do desmatamento e das mudanças climáticas. Como contrapeso, uma boa notícia: o desmatamento na Amazônia caiu 30% no primeiro semestre, resultado de políticas pouco mais rígidas e da retomada do Fundo Amazônia.

No cenário internacional, as catástrofes climáticas não deram trégua. Terremotos devastaram cidades inteiras no Japão, enquanto incêndios florestais consumiram milhares de hectares na Grécia, Canadá e Austrália. Nos Estados Unidos, tempestades severas causaram bilhões de dólares em prejuízos, lembrando que nenhuma nação, por mais desenvolvida que seja, está imune. Segundo um relatório global, as perdas econômicas relacionadas a desastres naturais no primeiro semestre de 2024 somaram 120 bilhões de dólares.

Mas o ano também trouxe avanços. A COP29, realizada no Azerbaijão, destacou a urgência de uma transição energética. Durante o evento, a ministra brasileira Marina Silva fez um apelo veemente: "Não há economia sem ecologia. Se quisermos um futuro, precisamos agir agora." O Brasil apresentou sua regulamentação do mercado de carbono como um modelo para outros países, mostrando que a economia sustentável é mais do que possível — é inevitável.

Outras iniciativas pelo mundo ecoaram esse chamado. Portugal criou a Agência para o Clima, reforçando sua posição como líder em ações climáticas na Europa. Nos Estados Unidos, o governo de Joe Biden lançou um ambicioso plano para zerar as emissões de carbono em setores-chave até 2040. A União Europeia, por sua vez, dobrou os investimentos em energias renováveis, sinalizando uma mudança estrutural no uso de combustíveis fósseis.

Apesar disso, não podemos ignorar o fato de que estamos longe de onde deveríamos estar. A meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C parece cada vez mais difícil de alcançar. O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertou que, sem ações drásticas nos próximos cinco anos, cruzaremos esse limite, com consequências irreversíveis.

Encerrar o ano de 2024 é, portanto, mais do que olhar para trás; é questionar o futuro. A natureza falou, e a questão que fica é: nós estamos ouvindo? Como sociedade, como indivíduos, como líderes, precisamos nos mover. Não há tempo para desculpas ou adiamentos.

Como disse António Guterres, secretário-geral da ONU, durante a abertura da COP29: "O futuro depende das escolhas que fazemos agora. A hesitação não é mais uma opção."

Que 2025 seja o ano em que a humanidade finalmente se levante para cuidar da casa que nos abriga. Afinal, proteger a Terra é proteger a nós mesmos — e essa é uma verdade impossível de ignorar. Nos vemos no próximo ano!

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