Entenda detalhes da investigação que culminou na prisão de 15 PMs envolvidos com o crime organizado
Corregedoria da PM descobriu que os suspeitos forneciam informações sigilosas e favoreciam criminosos ligados à facção
Foto: SSP-SP
Por Isabelle Amaral
Quinze policiais militares foram presos nesta quinta-feira (16) suspeitos de envolvimento com o crime organizado. Dentre os detidos, um foi identificado como autor dos disparos que mataram Antônio Vinícius Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, em 8 de novembro. Os outros 14 PMs foram presos por prestarem serviço de segurança ilegal ao homem, que era investigado por lavagem de dinheiro e duplo homicídio.
Conforme a investigação da Corregedoria da Polícia Militar, os policiais sabiam do envolvimento de Vinícius com uma facção criminosa e, mesmo assim, faziam a segurança dele, além de fornecer informações sigilosas que favoreciam tanto o investigado quanto outros membros da quadrilha.
“A ideia era se valer da função de policial militar para darem aparência de que aquilo era uma segurança pessoal. Usavam até um veículo que imitava uma viatura descaracterizada”, contou o corregedor da PM, coronel Fábio Sérgio do Amaral, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira.
O coronel também explicou que os policiais presos são considerados integrantes da organização criminosa por saberem das atividades ilícitas de Vinícius e, voluntariamente, prestarem serviço para ele, sem denunciá-lo.
A Corregedoria investiga os envolvidos desde março do ano passado, quando recebeu uma denúncia acerca da prestação de serviços dos policiais a um criminoso condenado.
Identificação do atirador e avanço das investigações
A identificação do homem que atirou em Vinícius aconteceu por meio da quebra de sigilo telefônico, o trabalho das estações rádio-base, além de outros fatores que o colocaram na cena do crime. Também foi realizada uma comparação de imagens de câmeras de segurança, com o uso do sistema de reconhecimento facial, que identificou o atirador.
“Usamos várias ferramentas de inteligência para chegar a esse atirador, que é um policial militar”, relevou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. “Desvios de conduta não serão tolerados. A PM é uma instituição com mais de 80 mil homens, então a exceção da exceção não pode manchar o nome da instituição. Esses que cometem desvios de conduta vão responder por isso”, garantiu.
Para a diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Ivalda Aleixo, a prisão desses suspeitos representam um avanço na investigação contra o mandante do assassinato de Vinícius. “Temos a quebra dos sigilos telefônicos que nos levam a outras pessoas, que não são policiais militares. Já temos duas linhas de investigação que podem nos levar ao mandante do crime, que com certeza foi encomendado pela facção”, disse.