Raçudo Terto emplacou no São Paulo há mais de 50 anos
Histórias da Coluna Reminiscências do Futebol
Foto: Reprodução / Redes Sociais
Por Ariovaldo Izac (ariovaldoizac@gmail.com)
Ainda contam por aí estórias que só atacantes talentosos vestiam camisas de grandes clubes brasileiros no século passado. Mentira! Se o atleta mostrava eficiência sobre aquilo que lhe era determinado, seu espaço entre os titulares estava reservado.
Um claro exemplo disso foi o pernambucano Tertuliano Severino dos Santos, cuja identificação ficou simplificada apenas como Terto. Ao chegar no São Paulo em 1968, procedente do Santa Cruz (PE), mostrou que a característica de velocidade permitia que chegasse ao fundo do campo com facilidade, para os cruzamentos.
E chegou ao São Paulo num período em que a prioridade do clube era a conclusão das obras de ampliação do Estádio do Morumbi, fato que implicou em relegar o Departamento do Futebol para um segundo plano, em período marcado como figurante no antigo Campeonato Paulista.
Quando aquele 'monumento' estava erguido e os cartolas voltaram a olhar para o futebol, equipes qualificadas foram montadas e frutos foram colhidos a partir da competição estadual de 1970, quando Terto teve relevância quer na posição originária de ponteiro-direito, quer adaptado pelo saudoso treinador Zezé Moreira como meia-direita que servia o artilheiro centroavante Toninho Guerreiro - já falecido. Logo, a vaga na beirada do campo passou a ser ocupada por Paulo Nani.
Naquele período de júbilo do São Paulo, registro também para outro título estadual em 1975, e anos anteriores vice da Libertadores, a exemplo de chegar em mesma situação duas vezes no Brasileirão, em todas situações com Terto aplaudido. Todavia, deslumbrado com a noite paulistana, ele provocava atraso na chegada aos treinos matinais, e apresentava desculpas esfarrapadas de ter ficado entretido em programações de televisão até altas horas da noite.
Como foi atleta que se valia da força física para aceitável rendimento, a queda implicou em correr menos e perda de espaço entre titulares. Assim, o São Paulo não colocou obstáculo para que se transferisse ao Botafogo de Ribeirão Preto em 1977, quando se juntou aos meias Sócrates - já falecido - e Lorico.
Na década de 80, com carreira de atleta já encerrada, comandou escolinha de futebol destinada a filhos de sócios são-paulinos. E no último 29 de dezembro ele completou 77 anos de idade.