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PSD supera MDB após migrações partidárias e assume liderança de prefeitos no Brasil

Por Redação

Foto: Divulgação

Por João Pedro Pitombo e Carolina Linhares

O PSD, fundado em 2011 por Gilberto Kassab com o lema de não ser de direita, esquerda ou centro, ultrapassou o MDB e se tornou o partido com maior número de prefeitos no país. É o que indica um levantamento da reportagem depois do fim da janela de trocas partidárias para as eleições deste ano, levando em conta mapeamentos feitos pelos próprios partidos - que, apesar de pequenas divergências entre si, convergem para um cenário semelhante.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deixou de divulgar publicamente os dados de filiação em 2021, alegando obedecer à Lei Geral de Proteção de Dados.

A pouco mais de cinco meses das eleições municipais, o PSD tem ao menos 1.040 prefeitos, um crescimento de 58% em relação ao resultado das eleições de 2020, aponta o levantamento. O partido presidido por Kassab - atual secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo - afirma, porém, que ainda pode chegar a 1.050 prefeitos.

 
Mesmo perdendo o posto de partido com mais prefeitos, o MDB também cresceu: ocupa o segundo lugar, saindo de 793 prefeitos eleitos em 2020 para os atuais 916. Estados governados pelo partido como o Pará e Alagoas puxaram o crescimento.

Por ocuparem um cargo majoritário, os prefeitos podem trocar de partido a qualquer momento sem perder o mandato, mas aqueles que vão concorrer nas eleições deste ano tiveram que escolher sua legenda até o dia 6 de abril, obedecendo à legislação eleitoral.

Da posse, em janeiro de 2021, até este mês, a migração de prefeitos entre os partidos refletiu transformações no cenário político brasileiro, a tendência de redução do número de legendas e os efeitos das eleições nacional e estaduais de 2022.

 
As mudanças incluem prefeitos de dez capitais - em Goiânia, Teresina, Macapá e Rio Branco, a troca de filiação ocorreu nas últimas semanas, no contexto de pré-campanha à reeleição.

Além do PSD, cresceram significativamente legendas como Republicanos, PT, Avante e PSB. Por outro lado, encolheram em número de prefeitos siglas como PSDB, Cidadania, Podemos, Solidariedade, PDT e PRD (fusão do Patriota e do PTB).

O PSD compõe a base de apoio de Lula (PT), governa o Paraná e Sergipe e tem forte influência em São Paulo, onde Kassab, antes de virar secretário, foi um dos fiadores da candidatura de Tarcísio em 2022.

 
Considerado homem forte da gestão Tarcísio, o presidente do PSD é responsável pela relação do Palácio dos Bandeirantes com prefeitos e deputados, além de controlar a verba de emendas e convênios.

Foi justamente em São Paulo que o partido deu seu maior salto, saindo de 64 prefeitos eleitos em 2020 para os atuais 306 entre 645 cidades. Na avaliação de Kassab, o crescimento foi um movimento natural diante do novo cenário político do estado.

"Em São Paulo, algumas lideranças que orbitavam em torno dos governos do PSDB perderam as eleições e se fragilizaram. Isso fez com que o PSD tivesse um crescimento orgânico, atraindo novos quadros que tinham afinidade programática com o nosso partido", avalia.

 
O PSD também cresceu no Paraná ancorado pela popularidade do governador Ratinho Júnior: chegou a 215 prefeitos de um total de 399 e governa mais da metade dos municípios do estado. A legenda ganhou tração ainda em Minas Gerais, saindo de 78 para 141 prefeitos sob a batuta do senador Rodrigo Pacheco.

Kassab atraiu ainda três prefeitos de capitais eleitos por outras siglas em 2020: Eduardo Paes (Rio de Janeiro), Rafael Greca (Curitiba) e Topazio Neto (Florianópolis).

Com a proliferação de prefeitos, o PSD busca fortalecer seu projeto de candidatura própria em 2026 - Ratinho é um presidenciável cogitado.

 
O presidente do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), minimiza o avanço do PSD, partido que ele qualifica como "parceiro, também de centro e que sabe dialogar".

A principal meta do MDB nas eleições de outubro é manter o comando da cidade de São Paulo, administrada por Ricardo Nunes (MDB) desde a morte de Bruno Covas (PSDB). "Tivemos um crescimento orgânico, sem interferir ou destituir diretórios, porque o MDB não tem dono", afirma. A meta do partido é eleger 900 prefeitos neste ano.

Protagonistas da eleição presidencial de 2022, PT e PL também se beneficiaram da migração de prefeitos. Em 2020, afinal, o PL ainda não era a sigla do então presidente Jair Bolsonaro e o PT não comandava a máquina federal - desde então, os partidos se tornaram mais atrativos.

 
Os petistas, contudo, souberam aproveitar melhor a janela de oportunidade. O PT elegeu 182 prefeitos em 2020 e agora chegou a 265, aumento de 46%. O avanço, contudo, ficou concentrado nos estados do Ceará, Piauí e Bahia - todos comandados por governadores petistas.

O partido de Lula, porém, apesar da força eleitoral nacional e da capilaridade de sua militância pelo Brasil, é apenas o 9º em número de prefeitos.

O PL, por sua vez, passou de 344 eleitos para 371 prefeitos, crescimento de 8%. O partido pretende usar a mobilização popular de Bolsonaro como impulso na eleição deste ano. A cada semana, o ex-presidente tem visitado diferentes cidades e regiões - só em abril já esteve em Goiás, Minas Gerais, Alagoas, Ceará, Paraíba e Mato Grosso. "A força dele é inegável, a gente vê por onde ele passa", afirma o líder do PL na Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes (RJ).

 
O partido fala em eleger mil prefeitos e preparar o terreno para a eleição de 2026, mas o deputado reconhece que se trata de uma perspectiva otimista demais. "Vamos ver se dobramos a quantidade, eleger de 750 a 800 seria excepcional."

O PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, teve um crescimento de 12% e atualmente comanda 324 municípios. O avanço está concentrado na Paraíba e no Ceará, estado em que o partido saiu de 8 para 64 prefeitos com a filiação do senador Cid Gomes.

O senador deixou o PDT em abril após romper com o irmão Ciro Gomes, o que resultou em uma debandada no legenda trabalhista: dos 67 prefeitos eleitos no estado há quatro anos, restaram 9. Nacionalmente, o PDT saiu de 315 para 180 prefeituras.

 
Já o PSDB, que passa por uma crise e encolheu na eleição de 2022, perdeu apelo junto aos mandatários municipais. De 523 eleitos em 2020, a sigla conserva 310 (queda de 41%). O partido tem buscado retomar protagonismo na oposição ao governo Lula e, ao mesmo tempo, reafirmar uma posição de centro.

Marconi Perillo, presidente do PSDB, diz que a saída de prefeitos não foi motivada por problemas na imagem do partido ou sua posição ideológica, mas por questões pragmáticas. "A migração dos prefeitos tem muito a ver com os governos estaduais, já que cidades pequenas e médias dependem do governo estadual mais até do que do federal", afirma.

De 172 tucanos eleitos em São Paulo em 2020, o partido inflou para 238 sob o comando de João Doria e Rodrigo Garcia, mas agora tem apenas 26. Ainda assim, o presidente do PSDB-SP, Paulo Serra, comemora o crescimento de 140 para 480 diretórios no estado e diz que vai lançar 112 candidatos a prefeito.

 
Ao mesmo tempo em que encolheu em São Paulo, o partido cresceu em Pernambuco, Mato Grosso do Sul, e Rio Grande do Sul, estados comandados por governadores tucanos.

Em Pernambuco, o partido saiu de 5 para 28 prefeitos após a eleição da governadora Raquel Lyra, mas segue atrás do rival PSB, que caiu de 53 para 41 prefeituras.

Em 15 dos 26 estados brasileiros, o partido do governador é aquele que mais possui prefeitos. A principal exceção é Minas Gerais: o Novo, de Romeu Zema, comanda apenas 3 dos 853 municípios do estado.

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