Professor Belinho anuncia sua aposentadoria no comando do Handebol Masculino
Após três décadas de comprometimento e muitas conquistas, o professor Belinho anuncia que chegou a hora de partir para novos projetos
Foto: Arquivo Pessoal
Da Redação
Um projeto mais que vencedor iniciado há mais de três décadas atrás, mais precisamente em 1988, idealizado pelo professor Ademir Rodrigues e abraçado pelo também professor de Educação Física, Renato da Silveira Belo, o Belinho, passará a tomar novos rumos a partir de 2022.
Em entrevista exclusiva ao JORNAL DE ITATIBA-Diário e ao programa Panorama Esportivo da CRN-AM, sob o comando de Beto Dias, Belinho ainda emocionado anunciou sua aposentadoria do comando das equipes masculinas de Handebol do Itatiba EC/Prefeitura Municipal.
Segundo o técnico, uma séria de fatores motivaram seu afastamento, mas, o principal deles é o da possibilidade de ficar mais próximo à família e aos filhos. Belinho garantiu que não estará fora da modalidade, inclusive, já vislumbra novos projetos, idealizado para categorias menores e realizado alunos das escolas públicas e particulares de ensino e que deverá sair do papel dentro em breve.
No bate-papo ele relembrou histórias engraçadas, conquistas, derrotas desse legado, desse ciclo que por hora se encerra por parte dele também já que o professor Ademir já estava fora há alguns anos.
Confira a conversa com o professor Belinho em exclusividade ao JOTAÍ-Diário
JI: Após 33 anos ajudando a construir a vencedora história da modalidade hoje você anuncia sua aposentadoria à frente dos trabalhos com o Handebol masculino em Itatiba?
BELINHO: Toda história tem um começo, um meio e um fim e minha história, infelizmente, está na hora de colocar um ponto final. O professor Ademir Rodrigues iniciou esse projeto em 1988 e me convidou para trabalhar junto com ele e seguimos nessa empreitada tentando fazer o melhor para a modalidade de handebol em Itatiba.
JI: O que motivou a você passar o bastão do comando da modalidade a diante e investir em outros projetos?
BELINHO: São junções de pequenas coisas. Eu venho há alguns anos trabalhando sozinho fazendo todas as coisas que se pode imaginar como cuidando da parte técnica das equipes, logística, administrativa, relacionamento com patrocinadores, promovendo e trabalhando para trazer competições aqui na cidade então acho que cansou um pouco. Comentei esses dias com um colega que nesse período todo cuidei dos filhos de muitas pessoas e não tive tempo para participar mais da vida e da criação dos meus próprios filhos. Isso pesou bastante, chega uma hora que temos que pensar mais na gente, na família, na própria saúde e deixar esse legado para que alguém continue, se Deus quiser.
JI: Ao longo dessa trajetória o Handebol trouxe muita alegria para sua vida, uma história marcante e intensa. Você tem noção de quanto você ajudou a trazer de títulos e conquistas para Itatiba?
BELINHO: Começamos esse projeto lá atrás e não imaginávamos tudo que vivenciaríamos depois. Sempre falo aos nossos atletas que vivemos momentos inesquecíveis e inimagináveis. Tenho certeza que foram mais momentos felizes do que triste.
JI: Falando em conquistas, você sabe precisar tudo o que vocês conquistaram?
BELINHO: Fomos pentacampeões da LHESP (2011, 13, 16, 17 e 19), tricampeão da Copa dos Campeões do Estado (2016, 17 e 19), bicampeão da Copa Itatiba de Handebol (2016 e 17), decacampeão dos Jogos Regionais (1999, 2000, 01, 05, 06, 08, 09, 10, 11 e 18), seis vezes medalha de prata nos Regionais (2004, 12, 14, 15, 16 e 17), campeão dos Jogos Abertos do Interior (2011), quatro vezes medalha de prata dos Abertos (2005, 09, 10 e 12), campeão Paulista Adulto na 1ª Divisão (2000), vice-campeão Paulista Adulto na 1ª Divisão (2001), vice Paulista Infantil (2001), medalha de bronze no Campeonato Brasileiro de Clubes (2001), vice-campeão do Torneio Internacional de Medelin, na Colômbia (2014), vice-campeão da LHESP na categoria Cadete (2017), campeão da LHESP no Sub-21 (2021) esse foi nosso último título e, vale ressaltar que, de 2015 até 2021 participamos de dezesseis finais sendo que conquistamos o título em onze delas.
JI: Toda decisão é marcante ou você tem alguma conquista especial?
BELINHO: O ser humano é complicado porque parece que marca mais o que a gente perde do que a gente ganha. Parece que dói mais porque você fica pensando onde falhou, onde poderia ter melhorado, enfim, só tenho que agradecer ao nosso grupo de jogadores, um grupo maravilhoso que criamos ao longo dos anos, como você disse, pra sobreviver 33 anos no amadorismo não é fácil, algum diferencial bom tem que ter então só agradeço a todos que acreditaram no projeto, atletas, patrocinadores, apoiadores, a todos que acreditaram no nosso trabalho nosso projeto.
JI: E histórias? Não foram poucas não é?
BELINHO: Cada jogo foi uma história, cada conquista, cada derrota, tudo foi marcante. A (final) do Jogos Abertos não esquecemos até porque sempre passávamos perto mas o título não vinha e quando vencemos ficamos temerosos porque o goleiro Rafael Mota estava irregular pois tinha jogado em outro Estado e isso não pode e alguém atrás do gol onde ele estava falava pra ele que sabia que ele era irregular e que iria denunciá-lo, isso um jogo antes da decisão. Optamos por deixar ele fora da final e colocamos o Leandro que estava encerrando a carreira já, sem muita motivação e ele foi lá e fechou o gol e conseguimos o título. Na comemoração, de madrugada já o Juninho contou que ele também estava irregular pois também tinha jogado no Paraná e também estava irregular, isso quase nos matou, mas, deu tudo certo. A final da 1ª Divisão do Paulista também foi marcante, tínhamos o Daniel Cabral que era um dos principais jogadores da equipe e o técnico da General Motors quis dar um jeito para tirá-lo da partida inclusive ele acabou com o nariz quebrado durante o jogo. Ele saiu da partida e o time adversário virou o jogo e o Daniel então pediu pra voltar, com o nariz quebrado e sangrando tampado com gaze e ele voltou pro jogo a equipe melhorou e conseguimos o título.
JI: Lá atrás, em 1988, vocês imaginariam que o Handebol itatibense teria toda essa história?
BELINHO: Não, ninguém imaginava que iria acontecer tudo isso. Porém, fomos perseverantes, resilientes a tudo, acreditamos que poderia dar certo e os atletas também acreditaram, mas, tenho certeza que ninguém imaginava que poderíamos chegar onde chegamos.
JI: Você se arrepende de alguma coisa ou atitude durante essa trajetória?
BELINHO: Acho que tinha que ser feito do jeito que for feito, acho que não me arrependo de nada, talvez em alguma derrota eu poderia ter feito ou orientado de forma diferente nessa ou naquela competição, mas, na essência da equipe e do trabalho acho que foi feito o que tinha que ser feito.
JI: Hoje o que seria necessário para que a modalidade siga em frente e siga com a mesma qualidade, a mesma trajetória?
BELINHO: Alguns atletas estão se mobiliando para dar continuidade na equipe e fiquei muito feliz com isso. O legado tem que continuar, eles estão no caminho certo e com certeza eles terão sucesso. Falei apenas para que eles trabalhem com honestidade, transparência e sinceridade que eu acho que o caminho é esse para que o Handebol continue no seu caminho de conquistas.
JI: Finalizando, como você gostaria de encerrar esse bate-papo?
BELINHO: Só tenho que agradecer a tudo que vivi, a todos que acreditaram no nosso trabalho, a nossa maravilhosa torcida que sempre nos apoiou fazendo a diferença. Quero agradecer de coração ao Itatiba Esporte Clube, a Prefeitura Municipal que sempre nos apoiou, aos nossos patrocinadores e apoiadores, aos nossos atletas, ao professor Ademir Rodrigues pelo convite feito e aceito lá atrás, agradecer a vocês que sempre nos apoiaram também, a CRN-AM, ao JOTAÍ-Diário que sempre nos deu espaço ajudando a divulgar nossa história, enfim, muito obrigado a todos!