Por que obras para transporte e mobilidade demoram tanto? Entenda
Mobilidade urbana é tema complexo e falta diálogo nas cidades brasileiras
Foto: medium:details_modal.uploaded
Um dos grandes desafios da área de planejamento no Brasil é a mobilidade urbana. O transporte público é um fator fundamental para o planejamento urbano, por isso é preciso apostar em novas alternativas, como ciclovias, incentivando cidadãos a praticar ciclismo, desestimular algumas ações e apostar em meios sustentáveis.
Para ter um plano de transporte assertivo, é preciso entender de mobilidade urbana. Como as pessoas se locomovem ou poderiam se locomover pela cidade? É essa a pergunta que a mobilidade urbana responde. Aqui, vamos entender os desafios de obras tão importantes, mas que demoram tanto para acontecer no país.
Problemas do transporte público nas cidades brasileiras
Os problemas de mobilidade urbana no Brasil não começam com a demora de novas obras públicas para transporte. A questão se inicia no planejamento das cidades e na dificuldade em migrar os modais de transporte.
Conforme as cidades se expandem, há uma grande dificuldade de adaptação rápida às novas necessidades de locomoção. Além disso, é preciso pensar a cidade não só executando obras de transporte mas também desenvolvendo questões como aumentar a oferta de trabalho em todas as áreas da cidade.
Há muitos anos, o modelo de transporte no Brasil privilegia o tráfego de veículos automotores, seja para o transporte individual ou coletivo. Isso demanda grandes e demoradas obras, como a duplicação de rodovias, a construção de viadutos, a compra de novos ônibus, entre outros pontos.
Esse estímulo gera uma demanda induzida, afinal, com mais malha rodoviária, mais pessoas usarão seus carros para se locomover pela cidade. O que também reflete no transporte coletivo de ônibus — o que não é resolvido com faixas exclusivas para os coletivos.
Os desafios do transporte no planejamento urbano
O transporte coletivo de passageiros deve ser repensado nas grandes cidades. A alternativa mais assertiva para otimizar a mobilidade de cidades é a opção por malha ferroviária e subterrânea.
Mesmo que sejam alternativas que garantem o transporte de mais pessoas com maior rapidez, essenciais para desafogar o trânsito rodoviário das cidades, elas também dependem de obras demoradas.
Outro fator importante sobre essas obras é que, num primeiro momento, elas impactam negativamente na mobilidade das grandes cidades. Além disso, geralmente as obras de trânsito no Brasil sofrem com dificuldades de execução, abandono de projetos pela metade e esquemas de corrupção.
Em conjunto com obras de transporte coletivo mais ágeis, os gestores públicos devem realizar obras que facilitem a locomoção individual das pessoas, como a construção de ciclovias.
Alternativas de transporte para mobilidade urbana no Brasil
Além de meios mais tradicionais, como rodoviário, ferroviário e subterrâneo, dos quais já falamos no texto, existem outras alternativas de transporte que podem unir mobilidade e sustentabilidade urbana. Confira algumas opções a seguir.
Ciclovias e ciclofaixas
Já falamos aqui, mas sempre é bom frisar: a construção de ciclovias e ciclofaixas é fundamental para desafogar os transportes coletivos. É possível, por exemplo, ligar ciclovias e ciclofaixas a estações de trem, metrô e terminais rodoviários.
Isso conseguiria incentivar que usuários façam uma parte do trajeto de forma individual e com segurança. Basta que sejam construídas estações de bike para guardar e alugar bicicletas para locomoção.
Estacionamentos gratuitos
Em cidades em que não haja capilaridade para que o transporte coletivo chegue a regiões mais afastadas, uma alternativa é apostar em grandes estacionamentos públicos ligados a estações de trem, metrô e pontos de ônibus.
Mesmo que não seja sustentável na essência, a iniciativa pode diminuir o engarrafamento nas cidades e a poluição, já que os cidadãos fariam apenas uma parte do trajeto em seus veículos. Essa alternativa foi realizada em Brisbane, na Austrália.
Teleféricos
Os teleféricos são excelentes opções para cidades que tenham parte de sua população vivendo em morros. Na cidade de Medellín, na Colômbia, os teleféricos diminuíram os problemas gerados pelo transporte rodoviário, facilitando a mobilidade dos cidadãos que vivem nas partes mais altas da região.
O avanço da mobilidade urbana no Brasil depende de um planejamento amplo e integrado entre as cidades. É importante frisar que cada cidade possui suas características, por isso não há como um único modelo ser usado no país inteiro.
Além disso, é preciso ter comprometimento e paciência para a concretização das obras, apostando em ações emergenciais para amenizar os problemas do transporte público nas cidades.