Perda de fôlego e dor na garganta podem indicar fadiga vocal; veja causas e sintomas
Segundo Fabrício, falar mais devagar e respirar mais vezes são recomendações para evitar a fadiga vocal
Da Redação
A fadiga vocal é uma síndrome caracterizada pela sensação de cansaço e fraqueza vocal depois de um período de utilização da voz ou uma sensação de esforço associada à sua utilização, podendo existir dor na região do pescoço.
Em entrevista ao Jornal de Itatiba - JI, o otorrinolaringologista Fabrício Sanfins, membro da ABORL-CCF, explicou que os sintomas mais comuns da fadiga vocal são: voz rouca, necessidade de um maior esforço para falar, perda de voz, ficar sem fôlego durante a fala, pausas frequentes (voz instável), diminuição do alcance da voz, tensão no pescoço e músculos, diminuição da faixa de amplitude vocal, dor na garganta (tipo aperto), dor para engolir e pigarro.
Causas
As pessoas que mais sofrem com a fadiga vocal são as que utilizam a voz como uma das principais ferramentas de trabalho, entre elas cantores, atores, operadores de call center, jornalistas/radialistas, professores, padres/pastores, entre outros.
O especialista diz que “em termos de padrão de utilização da voz, os indivíduos que falam em regimes de alta ou baixa intensidade, cantam, tossem e pigarreiam com frequência são os mais afetados. Existem outros fatores envolvidos, como efeito familiar, hábitos de vida, educação, condições acústicas e socioeconômicas, sexo feminino, idade avançada, entre outros”.
Uso de máscara
Segundo Fabrício, ao usar máscara, a voz da pessoa sai abafada e a pessoa tende a falar mais alto. “Isso acaba levando a um cansaço vocal. Além disso, para quem escuta, existe a sensação de ‘perda auditiva’, pois perde-se a possibilidade de fazer a leitura labial”.
O médico recomenda que a pessoa fale mais devagar, articule bem e de forma clara os sons. “É importante respirar mais vezes e manter o tom natural da voz. A hidratação frequente também é fundamental, assim como uma boa noite de sono, alimentação equilibrada, atividade física e evitar o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro.
Intubação
Quando há alguma condição que impede os pacientes de respirarem espontaneamente, é feita a intubação orotraqueal, procedimento onde o médico introduz um tubo na traqueia do paciente através da via aérea superior para manter a respiração.
De acordo com a explicação do otorrinolaringologista, o procedimento pode ser feito em situações de urgência, como no edema da glote, por exemplo, ou efetivamente, como nas cirurgias que demandam anestesia geral.
Complicações
O especialista afirma que as complicações mais comuns são laríngeas locais e quanto maior o tempo de intubação maior será o risco de elas existirem. Outras complicações podem ser extra laríngeas, “como intubação esofágica; intubação seletiva, atingindo apenas um dos brônquios; indução ao vômito, levando à aspiração; luxação da mandíbula; lesão da coluna; entre outras”.
O otorrinolaringologista explica que os fatores que influenciam no desenvolvimento das lesões são o diâmetro inadequado das sondas de intubação e a dificuldade em manter imobilizado o paciente intubado. “Assim, quanto maior o tempo da intubação, maior o risco de ocorrência dessas lesões”.
Covid-19
Em pacientes com covid-19 que necessitam de períodos prolongados de intubação endotraqueal, a falta de controle da pressão no interior do balonete pode resultar em isquemia permanente da mucosa, dilatação traqueal e cicatrização com estenose. “O desenvolvimento dessas lesões é diretamente proporcional ao tempo de intubação. Os riscos de desenvolvimento de estenose são mínimos com menos de seis dias de intubação (menos de 2% dos casos), tornando-se representativos acima de dez dias (12% a 15% dos casos)”.
Fabrício finaliza dizendo que, se o problema de fadiga vocal for persistente, um médico otorrinolaringologista deve ser consultado. E faz um alerta: “nunca tome algum medicamento por conta própria, pois quem sai prejudicado é você mesmo”.