O susto de Tedi
Por GB Edições
O dia estava amanhecendo e o sol pincelava o céu com seus raios dourados. Ponka acordou, espreguiçou-se, olhou ao redor e viu que Tedi já estava alerta. Ela perguntou por que ele levantara tão cedo e Tedi respondeu que, na verdade, nem havia dormido; estava preocupado com os ovos que tinham no ninho e já tinha se estressado de madrugada quando Frank, um enorme lagarto que morava nas redondezas, tentou roubar um deles.
Ponka, como toda ema fêmea, era a tranquilidade em pessoa e minimizou a situação, dizendo que não havia tantos motivos assim para se preocuparem e que, no final, tudo acabaria bem. Mesmo sem concordar muito com a companheira, Tedi calou-se, sentou-se sobre os ovos a fim de mantê-los aquecidos e tratou de ficar com os olhos bem abertos, atento a qualquer movimento estranho.
Tedi era muito consciente de sua responsabilidade e passou o dia todo cismado. Ao cair da tarde, o céu ficou mais escuro do que de costume e foi daí que Ponka teve um pressentimento que lhe arrepiou as penas. Ela disse ao companheiro que também havia sentido o perigo no ar.
De repente, o casal de emas ouviu barulho de folhas se arrastando e este foi aumentando até que avistaram o malvado Frank, acompanhado de mais quatro lagartos. Todos pareciam com fome e dispostos a qualquer coisa para roubar os ovos que estavam prestes a se romperem.
Quando Frank e seu bando atacaram o ninho, foram recebidos com bicadas, unhadas e muitos pisões. Ponka e Tedi se transformaram em verdadeiras feras e os lagartos não tiveram outra saída, senão fugirem depressa dali.
Cansados e assustados, mas felizes porque haviam conseguido afugentar os predadores, Ponka e Tedi se concentraram no ninho, pois assim que os filhotes nascessem, o trabalho seria muito maior.
No dia seguinte, completados as seis semanas de encubação, os filhotes começaram a nascer. As peninhas amarelas rajadas de preto apareceram entre as cascas dos ovos. Pequenos, pesavam cerca de meio quilo, mas em duas semanas já teriam a altura de meio metro.
Agora o trabalho de Tedi era proteger os pequenos, pois eram presas fáceis para os gaviões e cachorros do mato.
Quanto a Ponka, a ema estava feliz com sua nova família e despreocupada porque sabia que o corajoso Tedi ia garantir a segurança de todos.
VOCÊ SABIA?
O bando de emas nunca é numeroso: apenas um macho e seu harém de cinco a oito fêmeas. Os machos de emas são rivais tão hostis que um nunca eles ficam na presença de outro sem brigarem. Nesses combates, eles disputam seus haréns ou suas ninhadas. Como é o macho quem cuida dos filhotes, as disputas são muito ferozes, até que o mais fraco desista e abandone suas crias, ou suas fêmeas, e estas ficam com o vencedor.
Em certas épocas do ano é comum aparecerem nos campos um bando de fêmeas sem os machos, é que eles ficaram para trás, chocando os ovos ou cuidando dos filhotes. Se algum outro macho encontrar estas fêmeas, estará formada outra família de emas.
No mês de agosto, começa a postura dos ovos e todas as fêmeas do harém depositam no ninho coletivo. É comum enquanto o macho fica chocando os ovos, elas o abandonarem.
Depois de seis semanas de incubação, os ovos começam a ser rompidos pelos filhotes. O trabalho de proteção, dado pelo pai durante o período de incubação, agora é muito maior, era mais fácil proteger os ovos do que os filhotes que se dispersam e se movimentam à caça de alimentos.
A ave é encontrada na América e vai se tornando cada vez mais rara. Tem sido caçada implacavelmente por causa de suas penas. Vale lembrar que a ema é um animal silvestre e assim protegida pelas leis do IBAMA.
Vale a pena dizer que a ema às vezes é confundida com o avestruz, mas elas são diferentes. A ema é originária da América do Sul enquanto que o avestruz é originário da África. Ambas são aves grandes e não voam, apesar de terem asas, no entanto o avestruz é maior que a ema. No Brasil cresce cada vez mais a criação sistemática do avestruz, do qual se aproveita a carne, os ovos e o couro.