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Por Roberto

O encanto de olhar para o céu

Observação Celeste

Por Roberto

Por Tatiana Rostaiser Petti

 

            Ele está ali. O tempo todo. Dia e noite. Abriga, inspira, ilumina e até amedronta quando o tempo fecha. O céu nem sempre é admirado pelos milhões de habitantes desta Terra, mas todos certamente já se encantaram algum dia por suas belezas. Aqueles que fizeram deste encanto suas profissões garantem que muito se aprende com esta prática.

A região é rica de espaços especiais para ir mais a fundo: o Planetário Municipal Professor Benedito Rela em Itatiba, o Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini (OMCJN) e o Observatório do Polo Astronômico de Amparo, no Circuito das Águas Paulista.

 

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

 

O prof. João Pantano Neto, de 43 anos, biólogo e astrônomo, está há três anos no Planetário e na Estação Ciências Profa. Neide Terezinha Canal Pereira. As áreas da Ciência que mais lhe interessam são a origem e evolução da vida na Terra (e, talvez, fora dela); a pesquisa científica em astrobiologia e na procura por planetas extra-solares. “Meu trabalho no Planetário de Itatiba envolve mais a parte de divulgação e tem sido bastante gratificante ministrar cursos e organizar, junto com toda a equipe, eventos para o público”, disse.

Segundo João, a observação é o primeiro passo para o desenvolvimento do conhecimento científico. “Observar o céu é uma atividade que esteve presente em toda a história da humanidade, para prever estações do ano, auxiliar nas navegações ou apenas apreciar sua beleza. Hoje em dia, a observação dos objetos e fenômenos celestes tem sido bastante prejudicada por causa da grande quantidade de poluição luminosa, principalmente próximo às cidades. Por outro lado, o desenvolvimento tecnológico e a internet têm facilitado o acesso à Astronomia e, também, o interesse da população por essa área do conhecimento. É aí que entra o papel do divulgador científico”, pontuou.

O Planetário de Itatiba, inaugurado em novembro de 2003, conta com um projetor digital instalado recentemente, para oferecer maior diversidade de sessões, com temas voltados para cada faixa etária, e apresentações como complemento ao ensino na sala de aula. “Também oferecemos uma grade diversificada de cursos de astronomia geral para o público e vários eventos astronômicos ao longo do ano, como a Noite dos Planetas, um evento de observação com telescópios, e a Semana de Astronomia, ciclo de palestras com especialistas convidados e outras atividades”, contou João.

 

SOBRE O COSMOS

 

O técnico em Astronomia Rubens Mathias Azevedo, de 54 anos, está há cinco e meio no OMCJN. “Orgulho-me toda vez que vejo uma pessoa agradecer pelos ensinamentos recebidos e o deslumbramento causado pela observação dos objetos celestes”, contou. “Somente dividindo com o público uma pequena amostra do que existe e se sabe, o encantamento que provoca em uma boa parte das pessoas é mais que um prazer, é um privilégio”.

Os astros do Observatório são dois telescópios refletores Zeiss, com espelhos de 500mm e 620mm de diâmetro, que estão entre os maiores para observação pública do País. “Contamos com uma equipe que, mesmo pequena, promove programações especiais durante o ano, aliando cultura nas mais variadas formas, com astronomia. Como exemplo, o ‘Empório G’Astrônomico’, que mistura uma noite de observações, gastronomia e um bate-papo com os participantes sobre as relações entre ambos na história”, relatou.

Segundo Rubens, o conhecimento sobre o Cosmos ajuda a humanidade a se conhecer. “Posso citar as revelações sobre o efeito estufa desvendadas pelos estudos de Marte e Vênus; a prevenção de situações adversas, como o próprio efeito estufa ou uma eventual colisão com um asteroide e a desenvolvermos não só tecnologia para melhorar a qualidade de vida, como aconteceu durante a corrida espacial que foi responsável por invenções como monitores cardíacos e marca-passos, aparelhos de diálise, sistema wireless, detectores, etc. – e bota etc. nisso!”.

 

O MAIOR TELESCÓPIO

 

O prof. de Astronomia Carlos Eduardo Mariano, de 48 anos, que já esteve à frente do Planetário itatibense, também empresário e licenciando em Física, é o fundador e atual diretor do Polo Astronômico de Amparo, inaugurado em 2015. O destaque fica por conta do Telescópio Refletor de 650mm de abertura, o maior em operação no Estado e o maior do Brasil aberto para a visitação.

Telescópios refratores utilizam apenas lentes; já os refletores funcionam com a combinação de lentes e espelhos especiais. Este tem um espelho parabólico com 650mm de diâmetro que coleta 14 mil vezes mais luz do que o olho humano, proporcionando condições para a observação de objetos celestes muito pouco brilhantes e que não são visíveis a olho nu, como estrelas, nebulosas e galáxias.

“O céu é a nossa janela para o Universo! A observação do céu desperta a curiosidade e o interesse pela ciência, por isso deve ser estimulada. O mais gratificante é poder compartilhar o meu conhecimento, e ao mostrar o céu no Observatório, revelar aos visitantes, uma parte dessa incrível beleza e complexidade do Universo. Mostrar as pessoas, através de uma linguagem clara e simples uma parte desse conhecimento científico que temos hoje sobre o Cosmos”, disse. “Além disso, estamos em uma localização privilegiada e sem iluminação para interferir. Dentre os observatórios da região, o nosso é o que tem o céu mais bonito e escuro”, garantiu Carlos.

 

É PAIXÃO

 

Os profissionais das três atrações astronômicas comentaram sobre a paixão pelo tema. “Uma pessoa só pode fazer bem um trabalho qualquer se o faz com gosto. E Astronomia é, para mim, uma paixão desde a infância. Desde a época, em meados dos anos 80, em que a série Cosmos era transmitida na televisão. Olhar para o céu à noite e saber que em cada ponto de luz há um mistério a ser desvendado? Não tem como não se encantar com isso”, revelou João.

Este tema, para Rubens, “além de ser de uma beleza inebriante, busca as respostas das principais perguntas que inquietam e encantam a humanidade desde sempre, mesmo quando sequer existia vida, como a conhecemos”. Como diria o astrônomo americano Carl Sagan, “o céu nos chama. Se não nos autodestruirmos, um dia vamos nos aventurar pelas estrelas” – “e vamos por necessidade, especialmente”, acrescentou Rubens.

Para Carlos, a paixão pela Astronomia surgiu aos 12 anos, quando leu o primeiro livro sobre o assunto. “Ficou muito claro que dedicaria a minha vida a esse trabalho. Já muito jovem me imaginava em um Observatório, observando e mostrando o céu para as pessoas. Com a dedicação, vieram os resultados”, reconheceu Carlos, que teve a oportunidade de trabalhar e implantar observatórios e planetários em várias regiões do País. “A Astronomia é uma ciência que nos ensina humildade. Nos revela o quanto somos pequenos perante o Universo. (...) Busco apenas aprender cada vez mais, tendo a convicção de que sempre saberei muito pouco”, completou.

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