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Por Redação

Liberação dos vapes vai de encontro às ações antitabagismo do mês de agosto

Regulamentação dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF) voltará à pauta do Congresso em 3 de setembro; COC reforça manifesto contra a liberação

Por Redação

Foto: Agência Brasil

Em dois meses de ações realizadas no primeiro semestre deste ano, mais de 1,4 mil estudantes de Campinas foram impactados pelo programa Viver sem Cigarro, criado pelo Centro de Oncologia Campinas para ensinar aos mais jovens sobre os malefícios do tabagismo. São números significativos reunidos para reforçar a importância de duas campanhas de saúde desenvolvidas neste mês: o Agosto Branco, que alerta sobre o câncer de pulmão – cuja principal causa é o cigarro – e o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto.

Em um mês relevante para a causa contra o fumo, o Senado Federal retomou as discussões sobre a liberação dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEF). Previsto para ser votado no último dia 20, o Projeto de Lei (PL) 5008, que trata do tema, foi retirado da pauta e deve voltar à discussão na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) em 3 de setembro.  O PL vai contra a Resolução RDC 855/2024 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que proíbe a comercialização, fabricação, importação e publicidade dos DEF.

O Centro de Oncologia de Campinas, instituição de referência no combate ao câncer, manifesta profunda preocupação com a crescente epidemia do tabagismo eletrônico, especialmente entre os jovens. Diante dos evidentes riscos à saúde e da necessidade urgente de proteger a população, em especial os mais vulneráveis, o COC reforçou em 2024 a campanha Viver sem Cigarro, levada para escolas públicas e particulares de Campinas e região há quase duas décadas.

A instituição também elaborou um manifesto com o objetivo de influenciar a decisão dos senadores brasileiros e solicitar a proibição da venda, da publicidade e do uso de cigarros eletrônicos em todo o território nacional. Assim como o COC, entidades reconhecidas, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tentam barrar a regulamentação.

O oncologista clínico Fernando Medina, do COC, reforça que estudos científicos robustos demonstram que os cigarros eletrônicos não são inofensivos. “Ao contrário, os vapores inalados contêm substâncias tóxicas e cancerígenas, incluindo nicotina, metais pesados e compostos orgânicos voláteis. A nicotina, altamente viciante, prejudica o desenvolvimento cerebral dos adolescentes e aumenta o risco de dependência de outras drogas”, salienta o médico.

A indústria do tabagismo eletrônico, explica Medina, utiliza estratégias de marketing agressivas e enganosas para atrair jovens, como sabores atrativos e a falsa ideia de um produto menos prejudicial. “Essa prática representa uma grave ameaça à saúde pública, pois a iniciação ao tabagismo na adolescência aumenta significativamente o risco de dependência ao longo da vida”, confirma o oncologista do COC.

Diante dos comprovados riscos e da vulnerabilidade dos jovens, a medida mais eficaz para proteger a população é a proibição completa da venda, da publicidade e do uso de cigarros eletrônicos, defende Medina. “Diversos países já adotaram essa medida, demonstrando que a proibição é um instrumento para reduzir o consumo de nicotina e proteger a saúde pública”, acredita.

A campanha do COC “Viver sem Cigarro” reforça o princípio de que é possível minimizar os impactos do tabagismo a partir de políticas bem articuladas de orientação e prevenção. No Brasil, a regulamentação de cigarros eletrônicos é de responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. Ainda assim, o consumo crescente do uso dos dispositivos eletrônicos para fumar pode ser constatado sobretudo entre os jovens, parcela da população suscetível a desenvolver o tabagismo, mas também a mais receptiva a entender os perigos do vício.

“Nos programas contra o vício para adultos fumantes, o índice de sucesso é muito baixo. Por volta de 10% largam definitivamente o cigarro. Porém, quando esclarecemos os mais jovens sobre os males, as chances de sucesso se multiplicam. Impedir que as gerações futuras comecem a fumar se mostra como meio eficiente para combater o vício do cigarro. Porém, liberar os vapes vai contra todo o trabalho de conscientização que é desenvolvido”, argumenta o oncologista.

 O tabaco

O tabaco é o agente causal mais importante para o câncer. Está associado a uma série de tumores, não só de pulmão, mas do trato aéreo digestivo alto, pâncreas, rim, colo de útero em mulheres e bexiga. É aceita como definição de tabagista aquele indivíduo que fuma a partir de um cigarro por dia há pelo menos um ano. Ou seja: essa pessoa sofre influências das substâncias químicas presentes no cigarro. Já ex-fumante, do ponto de vista clínico, é aquele indivíduo que abandonou o vício há pelo menos 14 anos, do ponto de vista dos riscos de câncer de pulmão.

No Brasil, 477 pessoas morrem diariamente de doenças decorrentes da dependência da nicotina, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A indústria do tabaco está ligada a 8 milhões de mortes por ano no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Mais de 7 milhões dessas mortes resultam do uso direto do cigarro, enquanto cerca de 1,2 milhão são de não-fumantes expostos ao fumo passivo.

 SOBRE O COC

O Centro de Oncologia Campinas dispõe de uma equipe multidisciplinar para oferecer todos os níveis de cuidados aos pacientes, incluindo serviços complementares ao tratamento. Possui salas de imagens, de quimioterapia, radioterapia, análises clínicas e imunoterapia. Também realiza atendimentos nas áreas de oncogenética, psico-oncologia, odonto-oncologia e hematologia, dentre outras.

Recentemente, o COC inaugurou o Centro de Endoscopia Digestiva, que realiza procedimentos diagnósticos, terapêuticos e de prevenção das lesões do aparelho digestivo alto (esôfago, estômago e duodeno) e baixo (cólon).

Mais de 30 médicos compõem o Corpo Clínico do Centro de Oncologia Campinas. Na sua maioria, especialistas detentores de excelência técnica, resultado da natureza e origem de suas respectivas formações. Serviços de nutrição, educação física, fisioterapia, odontologia e farmácia complementam os cuidados dentro da instituição, que atende mais de 30 convênios médicos.

O Centro de Oncologia Campinas carrega mais de 46 anos de história e tradição no tratamento oncológico. Fica localizado à Rua Alberto de Salvo, 311, Barão Geraldo, Campinas. O telefone de contato é (19) 3787-3400.

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