Lesões na córnea somam 1,5 milhão de casos de perda de visão
"Entre crianças, a causa mais frequente de ferimentos oculares são as queimaduras químicas por produtos de limpeza ou medicamentos", afirma o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto
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Foto:Divulgação
Da Redação
Por conta da pandemia do coronavírus, as crianças têm ficado mais em casa e isso acaba multiplicando lesões nos olhos. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, alguns acidentes acontecem por travessura, outros “sem querer”. “Entre crianças, a causa mais frequente de ferimentos oculares são as queimaduras químicas por produtos de limpeza ou medicamentos”, afirma o médico que, no começo da pandemia, chegou a atender um menino que pingou produtos de limpeza nos olhos e nem os abria.
Caso caia álcool ou qualquer outro produto no olho, é recomendado lavar abundantemente, não instilar qualquer remédio, evitar esfregar os olhos e buscar atendimento oftalmológico imediatamente.
“Nem sempre o final dos acidentes é feliz. Prova disso, é que as lesões e doenças na córnea são a terceira maior causa global de deficiência visual. Só perdem para a catarata e glaucoma. Anualmente, somam 1,5 milhão de novos casos de perda da visão”, explica Queiroz Neto.
Prevenção
O oftalmologista afirma que a melhor forma de prevenir acidentes nos olhos das crianças durante a pandemia é seguir a recomendação dos fabricantes de medicamentos e produtos de limpeza: “mantenha fora do alcance das crianças”. Dentro de casa é mais indicado lavar as mãos com água e sabão.
Tratamento
O especialista afirma que o tratamento varia de acordo com a gravidade da queimadura. Nos casos leves, depois de examinar e higienizar a superfície do olho, o médico faz um curativo com anti-inflamatório para diminuir a irritação e aliviar a dor. A recuperação acontece em até três dias. Dependendo do tempo de exposição, o álcool pode provocar ulcerações na córnea.
Não são só as crianças
Um caso nos Estados Unidos ficou famoso por um universitário derramar vodka nos olhos com o objetivo de se embriagar mais rápido. “É claro que não conseguiu o objetivo. No olho só cabe uma gota de vodka e ninguém fica alto com uma dose dessas”, afirmou o médico. O problema é que o estudante insistiu na técnica. O estrago foi tamanho que depois do uso de colírio, precisou fazer um transplante.
Não menos graves são as queimaduras em acidentes de trabalho, como foi o caso de um motorista que queimou o olho na explosão de uma carga. Para recuperar a visão do paciente, Queiroz Neto conta que implantou na área lesada células-tronco retiradas da membrana amniótica, parte interna da placenta. O oftalmologista explica que a técnica só é possível porque as células da membrana amniótica conseguem se diferenciar para reconstruir a superfície do olho. Além disso, têm propriedade anti-inflamatória e cicatrizante. Entretanto, a técnica cirúrgica não é indicada para todos os casos, porque a membrana se transforma em vários tecidos, mas não em todos.