Jornalistas e torcedores ilustres elegem a Portuguesa de todos os tempos
Montado no 4-3-3, equipe escolhida tem jogadores de várias épocas diferentes destes 100 anos
Eleger a seleção dos melhores de um clube que completa 100 anos é um grande desafio. Ao mesmo tempo, porém, é a oportunidade de contar a sua história, lembrar glórias e derrotas, além de outros tantos nomes que ficam fora do 11 ideal, mas que são tão importantes quanto os que nele figuram. Com ajuda de jornalistas e torcedores ilustres da Portuguesa, chegamos ao que seria o melhor time de todos os tempos do clube.
Montado num hipotético 4-3-3 clássico, o melhor 11 da história da Portuguesa seria bastante ofensivo, versátil e rápido. Prova disso é que Enéas, Ivair e Dener, recebem vários votos como meio-campistas e como atacantes. O mesmo acontece com Brandãozinho, lembrado como zagueiro e volante.
Outra peculiaridade são as várias épocas retratadas no time escolhido como ideal. Representantes de grandes equipes lusas na década de 1950, Djalma Santos, Brandãozinho e Pinga ganham a companhia de jogadores que atuaram até a década de 1990, como Zé Roberto, Capitão e Dener.
“Um timaço deste na seleção do Centenário é sinal de que a Portuguesa é um time que não só revelou grandes jogadores, mas que também grandes jogadores vieram jogar na Portuguesa. Craques memoráveis do futebol brasileiro”, salientou o presidente do clube, Antônio Carlos Castanheira. “Fico orgulhoso de presidir a Portuguesa num momento como este, e isso só nos motiva a cada vez mais pra fazer o melhor”, completou Castanheira.
A Seleção do Centenário
O goleiro é Félix. Com oito dos 16 votos, o titular da campanha da Seleção Brasileira no tricampeonato Mundial no México, em 1970, teve duas passagens pelo time do Canindé. Primeiro entre 1955 e 1957, antes de passar três temporadas emprestado ao Nacional. De volta, atuou entre 1961 e 1968, antes de ir para o Fluminense, clube pelo qual foi convocado à Copa. Na Lusa fez 305 jogos com 147 vitórias, 87 derrotas e 71 empates.
Toda vitalidade exigida a um lateral direito era ponto fundamental em um dos maiores e pioneiros da posição. Djalma Santos foi bicampeão do Mundo com a Seleção Brasileira em 1958 e 1962 e se destacou em mais de uma década com a camisa rubro-verde. Atuou pela equipe de 1948 a 1959 e conquistou dois Torneio Rio-SP em 434 jogos com 229 vitórias, 129 derrotas, 76 empates e 33 gols marcados.
De passagem breve pelo clube, Luis Pereira marcou e garantiu lugar na defesa da seleção lusa. Ídolo do Palmeiras e com história destacada no Atlético de Madrid, da Espanha, Luis Pereira chegou ao Canindé em 1985, já com 36 anos. Fez parte do time que chegou à decisão do Campeonato Paulista -derrotado pelo São Paulo- e jogou 59 vezes com 24 vitórias, 22 empates e 13 derrotas, tendo anotado três gols.
Contemporâneo de Djalma Santos na Lusa, Brandãozinho é um versátil defensor do que pode ser considerado o melhor time da história do clube. Atuando principalmente como médio-volante, também foi utilizado na zaga em diversos momentos, tanto que seus votos foram divididos nas duas funções. Defendeu a Portuguesa de 1949 a 1955, conquistando dois Torneios Rio-SP em 288 jogos com 162 vitórias, 79 derrotas, 47 empates e 21 gols marcados.
Habilidoso, o canhoto Zé Roberto foi revelado no clube do Canindé em meados da década de 1990 onde atuou como lateral esquerdo. Na carreira, migrou para o meio de campo, se destacando especialmente no futebol alemão. Era o camisa 6 do time que deixou escapar o título Brasileiro de 1996 nos últimos minutos. Atuou por 132 partidas venceu 60 jogos, perdeu 39 vezes e empatou 33 jogos. Marcou três gols.
Na proteção da defesa, o volante Capitão foi o escolhido. Com três passagens pelo clube -de 1988 a 1993, de 1995 a 1997 e entre 2003 e 2004- se destacou por sua dedicação e posicionamento à frente dos zagueiros em seus quase 500 jogos com a camisa da Lusa. Foram 496 jogos com 190 vitórias, 167 empates e 139 derrotas com nove gols marcados.
Histórico camisa 8 da Portuguesa, revelado no Canindé, Enéas Camargo foi um dos melhores e mais completos jogadores do Brasil na década de 1970. Jogou pela equipe de 1971 a 1980, fazendo parte do título paulista de 1973 e do vice-campeonato de 1975. Versátil, além de construir as jogadas ofensivas, chegava bem no ataque, tanto que recebeu votos como atacante na seleção. Atuou por 379 jogos, venceu 139, empatou 129 e perdeu 111 vezes. Marcou 167 gols.
Talentoso, rápido, driblador e abusado, Dener foi uma das maiores promessas da história do futebol brasileiro. Revelado na Portuguesa e alçado ao time profissional no final de década de 1980, teve dificuldades para se firmar por problemas disciplinares. Quando conseguiu, porém, encantou. Destaque na Copa São Paulo de 91, chamou a atenção de diversos clubes do Brasil e do Mundo, tendo atuado com êxito por Grêmio e Vasco. Emprestado ao clube carioca e já negociado com o Stuttgart da Alemanha, morreu em um acidente de carro. Na Portuguesa fez 141 jogos com 53 empates, 47 vitórias e 41 derrotas. Marcou 24 gols.
De tanta qualidade, Julinho Botelho calou com três gols o Maracanã que reclamava a ausência de Garrinha. O ponta-direita revelado pelo Juventus passou três temporadas na Portuguesa antes de atuar pela Fiorentina e o Palmeiras. Campeão do Torneio Rio-SP de 52 e 55, fez 182 jogos com 111 vitórias, 41 derrotas e 30 empates. Marcou 90 vezes.
Maior artilheiro da história da Portuguesa, com 235 gols, Pinga era um ponta esquerda com faro de gol e que no time ideal seria ‘sacrificado’ para atuar como centroavante. Na Portuguesa entre 1944 e 1952, foi para o Vasco da Gama após a conquista do Torneio Rio-SP de 1952, onde também fez história. Na Lusa atuou por 270 partidas com 156 vitórias, 73 derrotas e 41 empates.
Iniciando sua carreira na Portuguesa em 1963, no auge de Pelé, já proclamado o ‘Rei do Futebol’, o meia-atacante Ivair ficou conhecido como ‘O Príncipe’, tamanha a sua qualidade em campo. Jogou no clube até 1969, ficando com o vice-campeonato do Paulista de 1964, em duelo direto com o Santos. Também bastante versátil, recebeu votos para ser meia e atacante na seleção do centenário. Fez 307 jogos, com 127 vitórias, 96 derrotas e 84 empates. Marcou 103 gols.
O comandante deste timaço é Oto Glória, treinador que fez história no futebol mundial, comandando times como Vasco da Gama, Benfica, Porto, Sporting e a própria seleção de Portugal na Copa do Mundo de 1966. Trabalhou na Lusa nas temporadas de 1962 e 1963, e de 1973 a 1977. No total esteve à beira do gramado em 334 oportunidades e viu seu time vencer 128 vezes, empatar 120 partidas e ser derrotada em 86 jogos.
*Votaram: André Zorzi, Antônio Carlos Castanheira, Antônio Quintal, Celso Unzelte, Cristian Gedra, Don Roberto, Eduardo Affonso, Felipe Andreoli, Flávio Gomes, João Carlos Martins, Lucas Ventura, Luiz Carlos Duarte, Luiz Nascimento, Marcos Teixeira e Ubiratan Leal.
Também foram citados:
Goleiros: Batatais, Clemer, Dida, Everton, Muca, Rodolfo Rodrigues e Zecão;
Lateral direito: Zé Maria;
Zagueiros: Calegari, César, Daniel Gonzalez, Emerson, Marinho Peres, Nena e Noronha;
Lateral esquerdo: Ceci;
Meio-campistas: Badeco, Mendonça, Rodrigo Fabri e Toninho;
Atacantes: Nininho, Paulinho MacLaren, Renato, Roberto Dinamite e Simão;
Técnico: Candinho.
Por Raoni David/FPF