Inadimplência bate recorde e atinge um contingente de 1,12 milhão de pessoas na RMC
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Por Edimarcio Monteiro / Correio Popular
O desemprego é a principal causa da inadimplência que voltou a bater recorde na Região Metropolitana de Campinas (RMC) em março. A 6ª edição da pesquisa Serasa Comportamento apontou que 55% dos consumidores classificados com pontuação “Baixa” disseram que as dívidas surgiram por terem perdido o emprego, índice que cai para 16% entre os que têm score excelente (ou seja, não têm contas em atraso). O estudo foi realizado com 3.025 pessoas, divididas conforme a classificação - Baixa, Regular, Bom e Excelente.
O resultado é divulgado no momento em que o número de devedores da RMC inscritos no cadastro da empresa de análise de crédito chega a 1,12 milhão de pessoas, total equivalente a soma da população de cinco das maiores cidades da Grande Campinas – Sumaré, Indaiatuba, Americana, Hortolândia e Valinhos.
A inadimplência segue em alta mesmo com a RMC registrando aumento na oferta de empregos, com o acumulado de 20.330 novas vagas com carteira assinada criadas no primeiro trimestre deste ano, de acordo com o Mapa do Emprego do Observatório PUC-Campinas. Para o economista André Roncaglia, os dados não surpreendem e estão relacionados à queda do poder aquisitivo da população e ao fato de que os empregos gerados são, em sua maioria, de remuneração mais baixa. “É evidente que a perda do poder de compra do salário médio, a massa salarial, caiu bastante”, disse o especialista.
REFLEXO
Entre janeiro e março, sete em cada empregos criados na Região Metropolitana de Campinas foram para trabalhadores com ensino médio completo, com média salarial de R$ 1.892. O valor é 3,96% menor do que dos trabalhadores que foram demitidos, ou seja, as empresas contratam pagando menos do que ganhavam os funcionários demitidos. Esse cálculo não leva ainda a queda natural do poder aquisitivo provocada pela inflação, que foi de 3,69% nos últimos 12 meses. “Se a renda da família não aumentar, a relação da dívida sobre a renda tende a crescer de maneira orgânica”, explicou André Roncaglia.
AVANÇO
Em março, 11.594 novas pessoas da RMC tiveram o nome inscrito na lista de inadimplentes da empresa de análise de crédito. Com isso o total chegou a 1.126.042 consumidores, alta de 1,04% em relação ao 1.114.448 de fevereiro. É o maior número desde 2019. A Serasa também registrou o terceiro mês seguido de recorde no montante na inadimplência, que chegou a R$ 7,12 bilhões, alta de 1,57% em comparação aos R$ 7,01 bilhões de fevereiro, que era a marca anterior. O valor em março apresentou crescimento de 15,77% em relação aos R$ 6,15 bilhões de igual mês de 2023.
De acordo com a empresa, todas as 20 cidades da Região Metropolitana tiveram aumento no número de devedores e na dívida em março. Em Campinas, o total de inadimplentes passou de 445.773 em fevereiro para 448.885 no mês seguinte, elevação de 0,7%. Já montante das dívidas na cidade aumentou de R$ 2,88 bilhões para R$ 2,91 bilhões.
O levantamento apontou ainda que Valinhos é a cidade da RMC com o maior tíquete médio por inadimplente, R$ 7,33 mil. No total, o município tem 39.628 inadimplentes, com as dívidas somando R$ 290,77 milhões. O valor médio das contas atrasadas é de R$ 1.815,77.