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Fotos: Arquivo pessoal

A grande maioria da população itatibense desconhece mas a cidade teve um papel importante na primeira grande conquista do Sport Club Corinthians Paulista, fundado em 1910 e que garantiu seu primeiro título paulista em 1914. Um itatibense, Aristides de Oliveira teve um papel importantíssimo na campanha que terminou com louvores de campeão.

Aristides foi nada menos que o goleiro dessa equipe eternizada no clube alvinegro numa campanha invicta. O Timão marcou 37 gols e venceu a última partida por 3 a 0, contra o Lusitano, no Parque Antártica. O atacante Neco foi o artilheiro do torneio com 12 gols. O Alvinegro conquistou o Campeonato Paulista com uma rodada de antecedência. No dia 8 de novembro, a equipe derrotou o Campos Elyseos por 4 a 0 e sagrou-se campeã com a seguinte escalação: Aristides, Fúlvio e Casemiro González; Police, Bianco e César Nunes; Américo, Peres, Amílcar, Apparício e Neco.

Em 2014 o clube alvinegro preparou uma grande festa em comemoração aos 100 anos dessa primeira conquista e conseguiu localizar alguns familiares dos jogadores que fizeram a história, dentre eles, Rosana de Oliveira Terzella, neta do itatibense Aristides. Dentre outras homenagens, Rosana teve acesso à certidão de nascimento do avô, registrado em Itatiba e, por isso, teve curiosidade de estar na cidade e passar essa informação a todos os itatibenses.

Ela foi entrevistada pelo radialista Beto Dias no programa Panorama Esportivo da CRN-AM de Itatiba, no último dia 3 e contou várias curiosidades com relação ao goleiro e avô. Confira na íntegra o bate-papo de Rosana com Beto Dias:

BETO DIAS: Recentemente você esteve em Itatiba e gostaríamos de saber, o que te motivou a vir até aqui?
ROSANA: Eu sempre tive muita vontade e curiosidade de conhecer o lugar onde meu avô nasceu e por isso fui até Itatiba, além disso, também estive aí com a missão de compartilhar para toda a cidade que um itatibense fez história no Corinthians fazendo parte da equipe e da conquista do primeiro título Paulista do clube em 1914.

BETO DIAS: Como você descobriu que seu avô Aristides nasceu aqui em Itatiba?
ROSANA: Eu descobri quando foi feita uma homenagem pelos 100 anos do Corinthians. Eu tive acesso na época a certidão de nascimento dele. Ele nasceu em Itatiba, dia 1 de agosto de 1891 e faleceu aos 81 anos no dia 31 de maio de 1972 em São Paulo.

BETO DIAS: Conte-nos como ele foi para São Paulo e qual função também ele exerceu além do futebol?
ROSANA: Eu sei dizer pra vocês que ele veio para São Paulo juntamente com seus pais quando tinha por volta de 14 anos de idade e aqui ele trabalhou como linotipista no Jornal O Dia. Para os que não conhecem a profissão de linotipista, é a pessoa que compõe o teclado para textos destinados à impressão do jornal naquela época.

BETO DIAS: Você teria a informação de como ele foi parar no Corinthians?
ROSANA: Eu sei que ele jogava em um time de várzea e, conforme relatos do meu próprio avô, os jogadores daquela época jogavam com muito amor ao clube. Não havia investidores e os custos saiam dos bolsos dos próprios jogadores. Eles mesmo providenciavam seus uniformes que eram lavados pelas mães e esposas. Além disso, naquela época a chuteira tinha outro nome, era chamada de chanca e, além disso, eles mesmos contratavam caminhões para transportar os jogadores. Os jogos eram eventos familiares que contavam com sempre com a presença dos pais, esposas, filhos que iam prestigiar a disputa e depois que terminava o jogo todos se reuniam para uma comemoração como se fosse um grande piquenique. Eles trabalhavam durante a semana e treinavam aos domingos na sede que ficava no bairro do Bom Retiro e já naquela época o time rival era o Palestra Itália que hoje todos nós conhecemos como Palmeiras sabendo que aquela rivalidade se mantém até os dias de hoje.

BETO DIAS: O seu avô Aristides jogou por quanto tempo no Timão?
ROSANA: Eu acredito que ele tenha ficado lá de quatro a cinco anos.

BETO DIAS: Em 2014 ocorreu a comemoração dos 100 anos do primeiro título Paulista ao qual seu avô fez parte e na oportunidade você esteve presente, como foi?
ROSANA: O Corinthians conseguiu localizar apenas cinco famílias desses jogadores que conquistaram o primeiro título Paulista. Na época estivemos lá e levei comigo minha tia Iolanda que era a única filha ainda viva do meu avô para fazer parte dessa homenagem. Foi uma semana inteira de festa com visitação ao museu do clube onde estavam o troféu, fotos, uniformes, objetos daquela época, pudemos assistir um filme com a história do Corinthians, recebemos em nome do meu avô uma placa dos 100 anos dessa primeira grande conquista, participamos de entrevistas para a rádio do clube finalizando com uma visita ao novo estádio onde pudemos também assistir um jogo contra o Santos. No intervalo pudemos entrar em campo com o troféu daquela conquista enquanto que no telão passava imagens, foi um momento muito especial com a torcida gritando muito, foi especial.

BETO DIAS: Você se lembra de algum fato marcante da história do seu avô goleiro do Corinthians?
ROSANA: Lembro sim. Ele usava chapéu e quando íamos na casa de uma das filhas dele, minha tia Nair, obrigatoriamente passávamos em frente à sede do Corinthians e quando nos aproximávamos do clube ele retirava o chapéu e só recolocava após passarmos pela sede. Era uma reverência, respeito e amor que ele sentia pelo clube e, por conta de tudo isso que meu avô passou e vivenciou nesse clube eu já nasci também corintiana e fico muito feliz pela minha família fazer parte da história e a todos os itatibenses que também sintam-se homenageados por um itatibense que fez história no SC Corinthians Paulista.