Ex-aluna de Etec inicia temporada de estudos na Coreia do Sul
Contemplada pelo programa de bolsa integral oferecido pela Embaixada sul coreana no Brasil, a jovem fará a graduação em Biologia
Foto: Govesp
Com uma bolsa de estudos e muitos sonhos na bagagem, a estudante paulista Geovanna Romero desembarcou na Coreia do Sul no início de março para fazer o bacharelado em Biologia na Universidade Kyung Hee, na capital Seul. O plano arrojado da jovem de 19 anos começou a ser desenhado em 2019, quando concluiu o curso técnico de Informática Integrado ao Médio (Etim), na Escola Técnica Estadual (Etec) de Rio Grande da Serra, região metropolitana do Estado de São Paulo.
Foi um período intenso de pesquisas até a escolha pelo programa Global Korea Scoolarship (GKS), que atendia às suas expectativas de bolsa integral e acesso a uma instituição voltada à pesquisa. O GKS inclui jovens de 17 a 25 anos de idade, de 160 países, e para 2021 selecionou três estudantes brasileiras. Além de Geovanna, uma estudante do município de Guarulhos e outra do Ceará.
Incentivo da Etec
Com um histórico de boas notas na Etec e a vivência das práticas proporcionadas pela formação técnica, a estudante se destacou no processo seletivo. “Os projetos realizados na escola, o reconhecimento dos professores que redigiram uma carta de recomendação e as atividades de voluntariado foram decisivos na seleção”, explica.
A professora de química da Etec, Marta Sant’Anna, destaca a postura colaborativa da aluna: “Nas aulas práticas, Geovanna se sobressaía pela disposição em auxiliar os colegas e pelo foco nos objetivos, mas sempre com um jeito doce e muito gentil”.
Essa determinação deve ajudá-la na fase de adaptação ao novo país. O primeiro ano do programa GKS é dedicado exclusivamente ao aprendizado do idioma e é oferecido na Universidade Silla, em Busan – segunda maior cidade do país. Somente após a aprovação nessa disciplina, a estudante começará a graduação de Biologia, em Seul. Como os cursos são ministrados exclusivamente em coreano, o domínio do idioma é condição para os bolsistas continuarem no país.
A Coreia é reconhecida como um país que trata a educação de forma muito séria e, como outros países asiáticos, com foco na educação básica. Estratégia que atraiu bons resultados para o país como, por exemplo, no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). No último ranking de 79 países, a Coreia alcançou o 9º lugar. O PISA avalia o desempenho de alunos de 15 anos de idade nas áreas de Matemática, Ciências e Leitura.
Muito mais que K-Pop
Fã da cultura pop coreana, Geovanna tem familiaridade com o idioma que se acostumou a ouvir desde os 12 anos, quando conheceu as músicas do K-Pop e os doramas (novelas coreanas), que acompanhava pelas plataformas de internet.
Para essa temporada de estudos no país, Geovanna procura organizar sua rotina de forma a garantir espaço na agenda para explorar a cidade e conhecer melhor a cultura. “Aqui é um lugar muito seguro, com praias e shoppings centers incríveis”, afirma.
A jovem, que saiu pela primeira vez do Brasil para embarcar para Coreia, se surpreende com a educação e o respeito dos coreanos. “Tinha a impressão de que sofreria um pouco com a xenofobia, mas os coreanos têm demonstrado muito interesse e vontade de ajudar os estudantes estrangeiros.”
Quarentena de sabores
A Coreia está entre os países que estão avançando mais rápido no controle à propagação do Coronavírus por meio de testes de detecção e uma rigorosa política de protocolos, que inclui o rastreamento de possíveis infectados, a restrição de viagens e a proibição de shows e festas.
Segundo Geovanna, a circulação da população é monitorada por meio de QR Codes instalados em locais públicos para registrar os dados pessoais e contatos feitos pelo usuário. As informações ficam armazenadas numa central de vigilância tecnológica e podem ser resgatadas, caso uma pessoa apresente sintomas.
Enquanto aguarda a flexibilização do protocolo sanitário para conhecer mais a cultura coreana, ela se aventura pela culinária exótica que, para o seu paladar, varia de muito doce a super apimentada. “Além dos temperos marcantes e cores fortes, por causa da variedade de vegetais, a comida aqui é muito calórica porque o mel é a base de várias receitas”, explica.
Ainda sobre calorias, ela já descobriu que a samgyeopsal – comida típica apreciada pelos coreanos, é muito gostosa. Só não imaginava que era feita com panceta, tradicional corte suíno, conhecido no Brasil também como barriga de porco. Geovanna também adorou a técnica de grelhar as carnes na própria mesa, mas confessa que ainda está tomando coragem para experimentar outro clássico da culinária coreana: a sopa de tripas. De porco, é claro.