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Por Roberto

EUA torna-se o principal parceiro comercial da RMC

Posição era ocupada anteriormente pela Argentina, que atravessa uma grave crise financeira e adotou medidas restritivas em relação às importações

Por Roberto

Foto: Seinfra/Divulgação

Por Edimarcio A. Monteiro/ Correio Popular

A crise econômica e as medidas restritivas impostas pela Argentina levaram o país a perder o primeiro lugar como destino das exportações das empresas da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Agora, a posição é ocupada pelos Estados Unidos. O estudo mensal sobre balança comercial divulgado pelo Observatório PUC-Campinas mostra que no acumulado dos dez primeiros meses a participação do país sul-americano como comprador dos produtos da RMC caiu 2,65 pontos percentuais, ficando este ano em 17,62% do total contra 20,27% em 2022. Isso, apesar de o montante exportado ter ficado praticamente estável entre janeiro e outubro - US$ 964,31 (R$ 4,75 bilhões) em 2023, diferença de 0,74% em relação aos US$ 957,24 (R$ 4,71 bilhões) do ano passado.

Argentina, a gente estaria exportando em torno de 40% a mais para o país", avaliou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro. Ele citou que até setembro o país exportou para o vizinho sul-americano US$ 14,9 bilhões (R$ 73,46 bilhões), valor que foi de US$ 17 bilhões (R$ 83,81 bilhões) nos primeiros nove meses de 2017 e que chegou a US$ 20 bilhões (R$ 98,6 bilhões) em 2000.
 
"A crise econômica da Argentina não tem afetado apenas a região, mas o Brasil inteiro, porque o país adotou medidas protecionistas, apesar de ser ainda um bom mercado. Eles ainda dependem muito da gente", disse o diretor de Comércio Exterior do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) Regional Campinas, Anselmo Felix Riso. "É uma crise que já vem há alguns anos. Os números apontam que elas (as exportações) vêm se mantendo, se é que se pode chamar de normalidade. Eu diria que é uma normalidade crítica diante da dificuldade de se fazer chegar os produtos brasileiros na Argentina", completou.

MEDIDAS

O governo argentino restringiu a concessão de licenças para importações e o acesso ao mercado de câmbio para estimular a produção da indústria local. Somamse a esse quadro a alta da inflação, que chegou a 138,3% nos últimos 12 meses, e a crise econômica que colocou 40% da população em situação de pobreza. A conjugação desses fatores promoveu a corrosão do poder de compra e reduziu o mercado consumidor local. "As condições macroeconômicas da Argentina dificultaram muito as exportações e os preços", afirmou o diretor de uma indústria metalúrgica, Marcos Ribas.

A fabricante de autopeças com duas unidades na Região Metropolitana está vendendo para a Argentina um volume abaixo do que seria normal e busca outros mercados para manter o faturamento com as exportações. Ele acompanha com atenção o segundo turno da eleição presidencial daquele país, que ocorrerá no próximo domingo (19). O líder das pesquisas, Javier Milei, da aliança La Libertad Avanza, já declarou diversas vezes que pretende cortar relações com o Brasil e sair do Mercosul, bloco comercial existente há 32 anos e que garante uma política aduaneira especial para os países da América do Sul participantes. Ele tem 52,1% das intenções de votos, contra 47,9% de Sergio Massa (Unión por la Patria).

"A gente já sentiu bastante a queda das exportações no último mês, e o impacto vai ser pior daqui para frente. Enquanto o quadro eleitoral não estiver definido, o reflexo é bastante sensível e o viés é de baixa na exportação comercial", disse Marcos Ribas. "Vamos ver qual o rumo que vai tomar, uma vez que temos ali duas figuras bastante pitorescas. Uma, o Milei, que a gente não sabe o que vem por aí e o a outra que vira-casaca a todo o momento, uma hora é direita, na outra, de esquerda", afirmou o diretor de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso.

Já o coordenador do estudo da balança comercial do Observatório PUC-Campinas, o economista Paulo Ricardo da Silva Oliveira, não enxerga a possibilidade de adoção de medidas radicais no comércio exterior que envolvam os dois países. "Os agentes econômicos têm uma força grande e não acredito que mudanças significativas viriam apenas pela política", disse. Ele explicou que Brasil e Argentina têm uma atividade de comércio exterior significativa para ambos, que beneficiam vários setores da economia, entre eles indústria e agropecuária.

RESULTADOS

Com a queda da Argentina, os Estados Unidos passaram a ser o principal destino das exportações da Região Metropolitana de Campinas. O total vendido para o país somou US$ 1,02 bilhão (R$ 5,02 bilhões) de janeiro a outubro deste ano, o que representou 18,66% do total das exportações, de acordo com o Observatório PUC-Campinas, que faz o estudo com bases nos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A participação foi de 14,94% nos dez primeiros meses de 2022, com o montante de US$ 705,53 milhões (R$ 3,47 bilhões).

Paulo Oliveira, que também é professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, explicou que essa mudança de posição reflete na pauta da balança comercial brasileira. "As exportações para a Argentina envolvem principalmente a indústria de transformação, enquanto que para os Estados Unidos é mais diversificada. Eles compram desde petróleo a aviões", afirmou. 

A terceira colocação é ocupada pelo México, com US$ 400,93 milhões (R$ 1,97 bilhão) - participação de 7,33%. "Houve queda do valor exportado para cinco dos dez principais destinos da RMC. Argentina, Alemanha, Chile, Colômbia e China apresentaram variação negativa do seu valor exportado (da RMC) nos últimos 12 meses. A China mantém uma queda expressiva que persiste há meses", observou o coordenador do estudo do Observatório PUC.

De acordo com o levantamento, as exportações da Região Metropolitana registraram em outubro alta de 1,6%, quando foram de US$ 480,64 milhões (R$ 2,36 bilhões). Em igual mês do ano passado, elas somaram US$ 473,05 (R$ 2,33 bilhões). Os principais produtos exportados pelas empresas regionais foram tratores, medicamentos, automóveis de passageiros, partes e acessórios de veículos e óleos de petróleo ou de minerais betuminosos.

Já as importações tiveram queda expressiva de 25,8%, ficando em US$ 1,29 bilhão (R$ 6,35 bilhões), contra US$ 1,74 (R$ 8,57 bilhões) no décimo mês de 2022. "Reduções expressivas na importação de bens intermediários indicam, em geral, queda no ritmo da produção industrial", afirmou Paulo Oliveira. O estudo apontou redução principalmente de agroquímicos (-31,01%) e circuitos eletrônicos (-26,14%).

Segundo levantamento do Ciesp, 23% das indústrias da região reduziram a produção em outubro, enquanto 62% mantiveram o volume e 15% registraram alta. Em igual mês do ano passado, a metade das empresas havia aumentado a produção, 42% permaneciam estáveis e 8% tiveram queda.

A balança comercial da RMC apresentou em outubro déficit de US$ 815,77 milhões (R$ 4,02 bilhões). No acumulado dos últimos meses, as exportações regionais somaram US$ 5,47 bilhões (R$ 26, 96 bilhões), queda de 1,62% em comparação aos US$ 5,56 bilhões (R$ 27,41 bilhões) registrados em igual período de 2022. De janeiro a outubro, as importações somaram US$ 15,18 bilhões (R$ 74,83 bilhões), redução de 16,27% em relação aos US$ 18,13 bilhões (R$ 89,39 bilhões) de 2022.

De acordo com o coordenador do estudo do Observatório PUC-Campinas, o resultado acumulado reforça a queda da atividade industrial que atinge a região e o país como um todo, uma vez que as empresas regionais são dependentes das importações de insumos para a produção. O levantamento apontou ainda que o déficit da balança comercial nos últimos 12 meses ficou em US$ 9,71 bilhões (R$ 47,87 bilhões), 22,75% menor na comparação com os US$ 12,57 bilhões (R$ 61,97 bilhões) do ano passado.

Para o economista Paulo Oliveira, as empresas da Região Metropolitana de Campinas devem fechar 2023 com queda em torno de 20,49% nas importações e uma leve redução das exportações (-1,86%). "Em relação às últimas previsões, nota-se que os dados de exportação do mês de outubro indicaram uma melhora na taxa", observou o economista. Em setembro, a queda prevista era de 3,86%.

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