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Por Roberto

Em um ano, RMC teve um novo devedor a cada onze minutos

Valor das contas atrasadas chegou ao recorde de R$ 6,93 bilhões em outubro, 23,57% a mais do que no mesmo mês de 2022

Por Roberto

Foto: Ag. Brasil

Por Edimarcio A. Monteiro / Correio Popular

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) ganhou um novo inadimplente a cada 11 minutos em um período de 12 meses (outubro de 2022 e outubro deste ano). É que o revela o relatório mensal divulgado pela empresa de análise de crédito. O documento mostra que em outubro eram 1.118.555 nomes inscritos na Serasa, número que representa aumento de 4,5% em comparação aos 1.070.356 de igual mês de 2022. Desde então, 48.199 novos devedores foram incluídos na lista da empresa de análise de crédito, número equivalente à soma de toda a população de três cidades da RMC – Holambra, Engenheiro Coelho e Morungaba.

No levantamento, o valor das contas atrasadas na região chegou ao recorde de R$ 6,93 bilhões em outubro. O montante representou um aumento de 23,57% em relação aos R$ 5,59 bilhões do décimo mês do ano passado.
 
“Acho que 2023 foi difícil para todo mundo”, disse o aposentado Daniel Carvalho. Ele contou que tem dívidas com cartão de crédito. “Como ganho pouco, usei o cartão para fazer compras”, explicou. Ele adotou a prática de pagar o valor mínimo da fatura, mas o acumulo da dívida o levou à inadimplência. “Agora vou tentar renegociar e parcelar a dívida”, afirmou Daniel Carvalho.

Jandira Trajano tem dívida com loja em Campinas e contas atrasadas de serviços básicos, como água e energia elétrica. Para evitar o corte ela prioriza o pagamento dessas faturas, mas entrou em um círculo vicioso em que não consegue manter as contas em dia. “Estou desempregada e vendo pipoca no semáforo para tentar ganhar alguma coisa, Mando currículo para todo o lugar, mas ninguém chama”, reclamou ela, que trabalhava como auxiliar de limpeza e foi despedida há quatro anos.

PESQUISA

A pesquisa “Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro 2023”, realizada pela Serasa, revelou que 53% dos brasileiros endividados dizem que as contas de luz, água e gás consomem a maior parcela do seu orçamento mensal. A estratégia adotada por Jandira Trajano, de dar preferência ao pagamento desses serviços e garantir o abastecimento, é comum. Segundo o levantamento, 83% dos entrevistados dizem que já atrasaram outros tipos de conta porque tiveram de priorizar o pagamento desses serviços básicos.

A pesquisa ainda mostrou que para 82% dos endividados o valor dessas contas chega a representar até R$ 750 por mês. O valor corresponde a 56,82% do salário mínimo, que atualmente é de R$ 1.320. Isso acarreta em um peso para o bolso dos consumidores. 74% disseram que as dívidas de contas básicas estão atrasadas há pelo menos um ano. O estudo “Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro” foi produzido pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box e ouviu 11.541 pessoas maiores de 18 anos de todas as regiões do país, inclusive da RMC. Entre os pesquisados, 52% foram homens e 48%, mulheres.

Para a economista Izis Ferreira, “a gestão eficaz das dívidas e a redução da inadimplência continuam sendo desafios importantes a serem enfrentados no futuro próximo”, porém ela avaliou que a inflação sob controle e o mercado de trabalho em crescimento vão ajudar a reverter o quadro de alta de inadimplência.

“As condições de consumo estão mais favoráveis, com a inflação mais baixa, mercado de trabalho formal absorvendo trabalhadores de menor instrução e juros em processo de queda. Esses fatores estão ajudando a melhorar as condições financeiras dos lares, reduzindo a necessidade de recorrer ao crédito”, afirmou Izis Ferreira. Segundo a economista, a política de transferência de renda do governo federal também ajuda a evitar um aumento maior da inadimplência.

“As políticas de transferência de renda, como a valorização do Bolsa Família e os saques alternativos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), têm contribuído para aumentar a renda disponível e reduzir o número de consumidores endividados”, disse ela.

REGIÃO

O número de inadimplentes na RMC em outubro ficou praticamente igual na comparação com o mês de setembro. Houve uma pequena queda de 0,58% na comparação com os 1.1245.141 do mês anterior. Das 20 cidades da Região Metropolitana, 18 apresentaram redução em números absolutos, mas em um nível tímido. Em Indaiatuba, por exemplo, caiu de 74.634 devedores para 74.623, uma diferença de 11 nomes.

As duas cidades que tiveram aumento no número de devedores foram Holambra e Morungaba. Campinas tinha 444.802, redução de 0,3% em relação aos 466.151 de setembro. Nos últimos 12 meses, a cidade teve um aumento de 4,57% no total de inadimplentes. Em outubro de 2022, eram 425.338.

Na cidade, o montante da dívida em outubro chegou a R$ 2,85 bilhões, o equivalente a 41,12% da RMC. Na região, Holambra teve o maior tíquete médio por dívida, R$ 1.967,94. Já o menor valor foi registrado em Morungaba, onde foi de R$ 1.293,39. A Serasa registrou o maior valor médio de dívida por inadimplente em Valinhos, R$ 7.176,44. É 37% acima da média por pessoa no Brasil, que em outubro foi de R$ 5.237,76, de acordo com a empresa de análise de crédito. No país, o total de devedores foi de 71,95 milhões, alta de 0,18% em relação a setembro.

De acordo com a Serasa, 43,94% da população adulta brasileira – pessoas na faixa etária de 20 a 59 anos - estão inadimplentes. As dívidas atrasadas somam R$ 376,8 bilhões, elevação de 2,74% em comparação a setembro. O Mapa da Inadimplência da empresa apontou que o Rio de Janeiro é o Estado com o maior percentual de devedores, 53,35%.

A menor proporção foi registrada em Piauí, 34,2%. No Estado de São Paulo, a representatividade ficou em 46,41%. Os cartões de crédito lideram o ranking das dívidas, com uma participação de 29,19%. Depois aparecem as contas básica (23,53%), financeiras (16,26%) e varejo (11,14%).

Segundo a Serasa, a faixa etária de 41 a 60 anos é a que tem a maior participação na inadimplência (34,9%), seguida por 26 a 40 anos (34,5%), acima de 60 anos (18,4%) e até 25 anos (12,2%).

As dívidas atrasadas apresentaram equilíbrio quanto ao gênero do devedor. As mulheres tiveram uma participação de 50,4%, enquanto os homens ficaram com 49,6%. Em outubro, a empresa de análise de crédito fechou 3,1 milhões de acordos para renegociação de dívidas. Eles somaram um desconto concedido de R$ 9,13 bilhões. O valor médio dos acordos fechados no Serasa Limpa Nome foi de R$ 786,91.

Outubro foi o quarto mês do ano com o maior número de acordos feitos. Ficou atrás dos 4,1 milhões de março, 3,8 milhões de julho e os 3,3 milhões de agosto.

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