Dos tumores malignos no Brasil, 30% são representados pelo câncer de pele
Segundo Octavio, as pessoas de pele clara expostas a radiação solar têm maior probabilidade de ter a doença
Foto: Octávio Júnior Moraes
Da Redação
O mês de dezembro é representado pela cor laranja, em prevenção ao câncer de pele. Esta patologia é o tipo de câncer mais frequente, correspondendo a 30% dos tumores malignos no Brasil.
Em entrevista ao Jornal de Itatiba – JI, o dermatologista dr. Octavio Moraes Junior apresentou estatísticas da doença entre 2018 e 2019. Os dados mostram o aparecimento de 85 mil novos casos em homens e 80 mil em mulheres. “Felizmente, a maioria destes casos são câncer de pele não melanoma (pintas pretas), que é mais agressivo e pode levar ao óbito se for diagnosticado e tratado tardiamente. O caso do cantor Roberto Leal é um triste exemplo da evolução fatal desse tipo de doença”.
Segundo o especialista, câncer é uma palavra que significa crescimento exagerado e descontrolado de células de um organismo vivo, as quais têm a capacidade de se multiplicar continuamente, com elementos irregulares, que fogem do padrão do tecido que se originam, espalham-se por contiguidade ou por via sanguínea (metástase).
Causas e sintomas
Octavio diz que o câncer de pele se manifesta como pápulas ou nódulos (bolinhas ou caroços) de crescimento rápido, feridas sem causa evidente (trauma) que não cicatrizam com antissépticos e antibióticos e manchas escuras de crescimento progressivo.
A causa principal é a mudança de comportamento das células da pele. “Temos dois tipos principais, os queratinócitos – que são células responsáveis pelo revestimento e proteção mecânica do corpo - e melanócitos - células de pigmento, responsáveis pela cor e proteção pigmentar.
O dermatologista explica que, na maioria das vezes, a causa dessa mudança de comportamento é o efeito da radiação solar sobre as células. “Nelas existe uma estrutura chamado núcleo, dentro do qual está o DNA. Esse componente é como um programa de computador, que se sofre alteração o computador não funciona. O mesmo ocorre com o DNA celular, que a radiação pode entrar nele e conseguir alterar sua estrutura. Isso acontece geralmente em longo prazo, por isso o câncer de pele acomete mais pessoas de idade avançada.
O câncer de pele mais comum origina-se nas células de revestimento, caso isso aconteça nas células de pigmento, os melanócitos, pode ocorrer um câncer mais grave e agressivo, o melanoma”.
Alguns sintomas podem ser de prurido (coceira), edema (inchaço) e inflamação (avermelhamento), podendo se apresentar como uma ferida que não cicatriza, ou saliências de aspecto de pequenas pérolas, ou pintas que mudam de tamanho, cor, ou que apresentam sangramento
“O diagnóstico básico é visual, um profissional médico experiente pode fazer isso com facilidade, eventualmente pode solicitar um exame de confirmação (biópsia). Para o leigo, não médico, a orientação é de desconfiar de lesões de crescimento rápido, que apresentem sangramento sem causa aparente, que estejam apresentando sinais e sintomas de dor, inflamação, mudança de cor”.
Tratamento
O médico afirma que o tratamento preferencial, normalmente pelo fácil acesso, é cirúrgico. “Remove-se a lesão suspeita com margem de segurança (dois a cinco mm) e ela é encaminhada para o exame a fim de verificar se foi completamente extirpada. Caso não tenha acontecido, deve-se operar novamente para ampliar e ter segurança de eliminação total da lesão. Algumas situações podem permitir um tratamento por meio de medicamento ingerido ou aplicado sobre a pele, além de métodos físicos como as cauterizações pelo calor (eletro-coagulação, laser), frio (crioterapia com nitrogênio líquido) ou radiação (radioterapia)”.
Grupos de risco e covid-19
As pessoas de pele clara que tenham sido expostas continuamente ao efeito da radiação solar têm maior probabilidade de ter a doença. “Um fator importante é a história familiar de câncer de pele, isso vale, principalmente, para o melanoma, por isso, é importante saber se houve casos na família e isso deve ser incorporado ao prontuário do médico examinador, para que seja feita a correta análise do risco dessa pessoa adquirir a doença”, explica o médico.
Octavio ressalta que a maior complicação que o covid-19 está trazendo para o câncer de pele e também para outras doenças que exigem um controle presencial, é a postergação para diagnóstico e tratamento.
Prevenção
O dermatologista finaliza fazendo recomendações para prevenção do câncer de pele: a cada 15 ou 30 dias, as pessoas devem se acostumar a fazer um autoexame, observando sua pele na frente de um espelho, sem roupa e sob boa iluminação. Áreas de acesso difícil devem ser observadas por um familiar.
“Um exame atualmente muito utilizado é o mapeamento corporal fotográfico digital. Ele funciona como uma mamografia, que fotografa a mama e dá condições ao examinador de orientar a paciente. Assim é no mapeamento, pessoas que tenham muitas pintas, história pessoal ou familiar de câncer de pele, devem procura orientação sobre a possibilidade de realizar esse exame que é feito pelo dermatologista, no próprio consultório, utilizando equipamento especial para registrar as lesões e permitir a elaboração de um laudo que destaque lesões e fatores de risco para aquele paciente. Esse exame deve ser repetido anualmente para poder comparar a resolução das lesões existentes”.