DIG estoura desmanche e prende pai e filho em Jundiaí; tinha carro cravejado de 'bala'
No total foram localizados 67 veículos parcialmente desmontados, além de motores e peças espalhadas pelo terreno
Por Fábio Estevam
A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) estourou, nesta segunda-feira (6), no Jardim Novo Horizonte, em Jundiaí, um desmanche clandestino. Foram localizados no local 67 veículos parcialmente desmontados, além de muitos motores e peças diversas espalhadas por todo o terreno - nenhum dos carros encontrados tinha queixa de roubo ou furto. Dois homens, pai e filho, de 43 e 18 anos, foram presos em flagrante por crimes contra a ordem tributária, relações de consumo, meio ambiente e associação criminosa - ambos, porém, foram soltos durante audiência de custódia nesta terça-feira (7).
De acordo com o novo delegado titular da DIG, Marcel Fehr, os detetives foram ao local para averiguar denúncia sobre a possível existência de um desmanche clandestino, às margens da Estrada Municipal do Varjão. Logo ao ponto indicado, os policiais avistaram dezenas de carros depenados em um imenso terreno baldio, e, com a suspeita ganhando forma, abordaram dois homens que estavam no local. "Eles se apresentaram como pai e filho e assumiram que se dedicam ao desmonte de carros há algum tempo, alegando que os veículos não são produto de crime, e que as peças são vendidas para outros desmanches e lojas do ramo", disse o delegado.
Questionado pela reportagem sobre os carros não serem produtos de crime, Fehr explicou. "Ainda estamos investigando, mas acreditamos que esses veículos sejam antigos e tenham sido vendidos a preços irrisórios para eles (pai e filho), por antigos proprietários que, talvez, não tenham conseguido pagar documentação ou outros motivos. Eles então desmontavam esses veículos e vendiam as peças, muito provavelmente para dar vida nova a carros produtos de roubo ou furto. Por exemplo, um gol furtado ou roubado; eles possivelmente pegavam o motor ou peças de um Gol bom (como os carros que estavam no desmanche) ou mesmo a carcaça, e remontavam em um carro produto de crime. Provavelmente seja essa a atividade."
No total foram localizados 67 automóveis parcialmente desmontados, motores e peças espalhadas pelo terreno, onde também foi constatado derramamento de resíduos e óleo, gerando poluição.
Em averiguação mais aprofundada, ficou constatado pelos investigadores que os detidos não possuem empresa aberta, tampouco autorização dos órgãos competentes para exploração dessa atividade, que é controlada e regulamentada pelo Estado. De acordo com a polícia, são necessárias, dentre outras formalidades, alvarás do Departamento de Trânsito (Detran), Secretaria da Fazenda e Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). "E eles não tinham", comentou Fehr.
Diante disso a dupla foi autuada em flagrante por crimes contra a ordem tributária, relações de consumo, meio ambiente e associação criminosa. Pela quantidade de pena prevista, não foi arbitrada fiança, mesmo porque um dos presos, o pai, já possui passagens criminais por receptação, estelionato e apropriação indébita.
ARRO CRAVEJADO
Dentre os carros parcialmente depenados, que estavam no local, os policiais encontraram um com várias perfurações na lataria e vidros, possivelmente causados por disparos de armas de fogo. "Nós estamos investigando para saber origem desse veículo, como foi parar lá e quem vendeu, bem como para saber se esteve envolvido em algum crime".
PERMITIDO
De acordo com Fehr, qualquer pessoa pode desmanchar o próprio carro, desde que de forma legalizada. "Se uma pessoa quiser desmanchar, ela até pode. Mas terá que ir ao Detran/Ciretran, pagar os tributos e colocar a documentação em dia. Ele vai vender as peças para um estabelecimento credenciado, com emissão de nota fiscal. O chassi será recortado (na parte onde está gravada a numeração), e a peça recortada terá de ser levada para o Detran para dar baixa permanente no veículo, ou seja, esse carro vai deixar de existir. Nesse desmanche que descobrimos, esse procedimento não era obedecido".
