Diagnóstico reforça urgência de novo Hospital Metropolitano
Estudo da Unicamp será apresentado às autoridades de Saúde do Estado de SP
Foto: Rodrigo Zanotto
Por Ronnie Romanini/ Correio Popular
Os 20 prefeitos da Região Metropolitana de Campinas (RMC) se reúnem na próxima sexta-feira (17) em um hotel da metrópole, para a apresentação e análise de um estudo desenvolvido pela Unicamp que pretende apontar diretrizes para a saúde da região. Será o primeiro encontro do Conselho de Desenvolvimento da RMC (CD-RMC) em 2023. Os principais problemas e desafios na área serão apresentados em um diagnóstico que deve reforçar a necessidade da construção de um futuro Hospital Regional Metropolitano - que seria localizado em uma área de 40 mil metros quadrados da Fazenda Argentina e criaria ao menos 200 novas vagas, aliviando a fila da Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross).
Dados de 2021, a Rede Regional de Atenção à Saúde (RRAS15), que abrange as regiões de Saúde de Campinas, São João da Boa Vista e Circuito das Águas, aponta que as internações em caráter de urgência estão acima de 80% nos hospitais da rede. Na RMC, o índice chegou a 81%.
Outro dado que estará na pauta da reunião do CD-RMC é a queda do número de leitos hospitalares SUS que estão no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Os números, considerando o período entre 2008 a 2021, apontam para uma queda progressiva de cerca de 19% dos leitos da RRAS 15 até 2017. Nos últimos dois anos considerados, 2020 e 2021, houve um leve crescimento, mas ainda insuficiente para repor a perda notada nos últimos 15 anos.
A avaliação é que 90% da demanda pela rede hospitalar da RRAS 15 sejam de pacientes oriundos das cidades da RMC. "É um estudo que vai dar as diretrizes para a saúde regional e se alinha à nossa luta pela construção do Hospital Regional, uma bandeira de todos os prefeitos que integram o Conselho de Desenvolvimento da RMC", explicou Gustavo Reis (MDB), prefeito de Jaguariúna e presidente do CD-RMC.
A proposta da construção deste hospital foi apresentada e aprovada pelo Conselho em 2022. A avaliação é a de que além do acréscimo dos leitos, que também frearia a queda progressiva da última década e meia, seria possível permitir aos hospitais focarem em suas competências, como, no caso do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, o setor terciário e quaternário - a alta complexidade.
Infratech
O estudo desenvolvido pela Unicamp vai compor uma série de levantamentos de dados realizados pelo Instituto Movimento Cidades Inteligentes (IMCI), para a plataforma Infratech - Gestão Pública Inteligente, braço de apoio do CD-RMC.
A plataforma foi lançada com o objetivo de desenvolver os municípios com o foco em inovação, economia, eficiência e transparência. O projeto conta com a certificação de 44 representantes das Prefeituras. Eles participaram de um curso e estão aptos à sistematização da coleta de dados, com segurança e de maneira normatizada.
A Saúde é o primeiro dos seis setores estruturantes que integram os estudos da plataforma Infratech, sendo que os demais são: segurança, educação, saneamento básico, energia e mobilidade. Ao longo do ano, estes temas também passarão por diagnósticos municipais.
O diagnóstico da Saúde será apresentado cerca de sete meses depois do lançamento. A plataforma digital Infratech foi criada para gerir os serviços públicos e foi lançada em agosto do ano passado, em reunião do CD-RMC. O projeto foi desenvolvido voltado à internet 5G - que oferece ultravelocidade na transmissão de dados para os usuários - para a prestação de serviços, como telemedicina, gerenciamento do trânsito, educação e em outras áreas. O objetivo é unir as cidades da RMC e as empresas de alta tecnologia instaladas na região para a implantação da Infratech, que será desenvolvido pelo Instituto das Cidades Inteligentes (ICI), organização social (OS) sem fins lucrativos que atua no desenvolvimento e implementação de soluções para a gestão pública.
A plataforma Infratech prevê o desenvolvimento regionalizado de cidades inteligentes, conectadas através da padronização na coleta, armazenamento e cruzamento dos dados públicos.
A Região Metropolitana de Campinas foi criada em 2000 e congrega 20 cidades, que somam 3,3 milhões de habitantes, o equivalente a toda população do Uruguai. Os municípios somam um Produto Interno Bruto (PIB) - que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - de R$ 210 bilhões, maior do que o de seis estados brasileiros.