Diabetes atinge mais de 20 milhões de brasileiros
Especialista do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Bragança Paulista afirma que prevenção é a chave para reduzir o número de novos casos
A prevalência de diabetes no Brasil é um alerta crescente. Segundo dados oficiais do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, 10,2% da população brasileira já recebeu o diagnóstico da doença, o que representa cerca de 20,7 milhões de pessoas, de acordo com a estimativa populacional do IBGE para 2024. O diabetes, uma doença crônica caracterizada pela produção insuficiente ou má ação de insulina — hormônio responsável pela regulação da glicose no sangue —, pode levar a complicações graves se não for adequadamente controlada.
“Ao longo dos anos, percebemos um aumento expressivo nos casos de diabetes tipo 2, que está diretamente relacionado ao estilo de vida moderno, com sedentarismo, alimentação inadequada e obesidade. A maioria dos nossos pacientes se enquadra nesse tipo. É fundamental que haja conscientização sobre a importância de hábitos saudáveis para evitar complicações”, explica o endocrinologista do Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista, Dr. Ricardo Paiva. Nesta quinta-feira (14/11), é celebrado o Dia Mundial do Diabetes, que tem como objetivo ressaltar a importância da prevenção contra a doença.
O diabetes tipo 1, embora menos comum, também merece atenção. Ele é geralmente diagnosticado na infância ou adolescência e requer o uso diário de insulina. Já o tipo 2, mais frequente entre adultos, pode ser evitado ou controlado por meio de práticas de vida saudáveis, como uma alimentação balanceada e a prática regular de atividades físicas. “Muitos dos pacientes que chegam no hospital não têm ideia de que, ao controlar o peso e manter uma rotina de exercícios, poderiam evitar ou retardar o desenvolvimento do diabetes tipo 2”, ressalta Dr. Paiva.
Além das questões genéticas, o sobrepeso, o sedentarismo, a hipertensão e o colesterol alto são fatores de risco importantes. Em casos mais graves, o diabetes pode causar complicações no coração, nos rins, nos nervos e até mesmo levar à morte. “A falta de controle da glicemia pode acarretar consequências graves, como infarto e insuficiência renal. Por isso, o acompanhamento médico regular é fundamental”, reforça o especialista.
Os sintomas mais comuns incluem fome e sede excessiva, vontade frequente de urinar e, em casos de diabetes tipo 2, infecções recorrentes e dificuldade de cicatrização de feridas. Quando esses sintomas se manifestam já existe uma importante perda da função do pâncreas. Segundo Dr. Paiva, é importante ressaltar que o diabetes tipo 2 é assintomático por muito tempo, às vezes anos. Além disso, o especialista diz que a adesão ao tratamento é fundamental para garantir qualidade de vida aos pacientes. “O diagnóstico precoce e o tratamento correto, que inclui medicação, controle da glicemia e mudanças no estilo de vida, são os pilares para viver bem com a doença.”
Apesar dos avanços no tratamento do diabetes, a prevenção ainda é a chave para reduzir o número de novos casos. Para isso, adotar uma dieta equilibrada, praticar atividades físicas regularmente e evitar o consumo excessivo de álcool e tabaco são atitudes indispensáveis. “Muitas pessoas acham que o diabetes é algo inevitável por conta de fatores genéticos, mas a verdade é que, principalmente no tipo 2, podemos fazer muito para preveni-lo. Alimentação saudável, controle do peso e exercício físico são as melhores armas contra a doença”, conclui o médico.
Com o aumento da prevalência de diabetes no país, fica claro que a conscientização sobre a doença e suas complicações precisa ser intensificada. Como lembra o Dr. Ricardo Paiva, o diabetes é uma doença silenciosa, mas que pode ser controlada com a mudança de hábitos e o acompanhamento médico adequado.
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