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Por Marcio

Depois de Angola, Beto Bianchi assume o Kazma SC em busca de títulos no Kuwait

Confira a conversa com o itatibense que, guarda suas raízes, mas, que o futebol proporcionou que hoje esse seja conhecido como “cidadão do mundo”

Por Marcio

Fotos: Arquivo Pessoal

O futebol levou o itatibense Beto Bianchi para a Espanha há mais de trinta anos. De lá pra cá, o esporte foi, e ainda é, o meio de vida do ex-zagueiro e agora técnico de futebol. Em mais de três décadas, inúmeras foram as experiências acumuladas, as lutas, as derrotas, vitórias e, principalmente, suas conquistas.

Já como técnico, Beto passou por países como Indonésia, Jordânia, Angola onde, inclusive, chegou a dirigir a seleção principal do País e agora parte para o Golfo Pérsico, mais precisamente no Kuwait, onde comandará o Kazma Sporting Club, na cidade do Kuwait, capital do País.

Na última quinta-feira, dia 30, a reportagem esportiva do JOTAÍ-Diário conversou com o itatibense que contou as novidades através de um bate-papo descontraído onde o Beto Bianchi fala sobre sua passagem por Angola e suas metas e sonhos ainda dentro do futebol, agora, no comando de uma equipe do Golfo Pérsico.

Confira a conversa exclusiva com o treinador:

JI: Na última vez que conversamos você estava em Angola comandando o Petro Atlético, um dos maiores clubes daquele País e soubemos também que você teve uma passagem muito positiva por lá, poderia contar um pouco?
BIANCHI: Realmente em Angola foram três anos e meio muito bom em relação ao desempenho esportivo. Fomos campeões da Copa de Angola e chegamos a disputar três anos seguidos o título da Liga de Angola, infelizmente, no futebol de lá, muitos jogos não decidem só dentro do campo e fomos três vezes vice-campeões, inclusive, uma temporada só perdemos um jogo e nem assim fomos campeões. O meu aproveitamento nos três anos e meio foi de 70% uma média muito alta de pontos disputados e conseguidos.

JI: Com as conquistas do clube sob seu comando, veio o retorno do seu trabalho e você foi convidado para ser técnico da Seleção Angolana. Como se deu esse convite e como foi também sua passagem pela seleção de Angola?
BIANCHI: O convite veio de surpresa porque eu não esperava que isso acontecesse. No meu primeiro ano no país o Petro de Luanda teve uma metamorfose muito grande comparando com os últimos nove anos. Consegui devolver ao clube o lugar que ele merecia sendo um clube grande do país. Voltou a ser respeitado e muito competitivo, também teve um estilo de jogo bem definido e muito atrativo. Isso chamou a atenção dos responsáveis da Federação de Futebol e apostaram por mim. Fiquei muito feliz com o convite e consegui os objetivos traçados pela direção da Federação, que foi classificar a Seleção para a fase final da competição de seleções africanas. Para mim foi a melhor conquista que eu tive até hoje no futebol.

JI: Vimos numa entrevista sua em que você comentava que existe muito bons jogadores no futebol angolano, de excelente nível técnico. Eles estão atuando no futebol europeu? Como a Europa vê o futebol africano, especialmente o de Angola?
BIANCHI: O jogador angolano é muito parecido com o brasileiro em certas coisas, como por exemplo, é muito criativo dentro de campo e tecnicamente são bons também. Talvez sejam mais ingênuos dentro de campo que o jogador brasileiro e taticamente são inferiores. Mas, o futebol africano está crescendo pouco a pouco e o de Angola também. Hoje já estão saindo mais jogadores do país para o exterior. Principalmente para Portugal. O jogador de mais nome na atualidade, e que eu tive na Seleção, é o Bastos que está lá Lazio da Itália. Mas tem muitos outros repartidos pela Europa (Portugal, Espanha, Suíça, França, Bélgica) e também em outros países como Chipre, Luxemburgo, Egito etc. Eu acho que dentro de alguns anos Angola será um “mercado” muito interessante para os clubes europeus principalmente.

JI: Como brasileiro e conhecedor do futebol pelo mundo, na sua visão, o que falta para um desenvolvimento maior do futebol daquele País?
BIANCHI: Falta mais estrutura nos clubes menores, falta mais organização no geral do futebol local e, principalmente, falta um melhor trabalho de base, nas categorias de formação. É certo que os clubes grandes estão trabalhando bem, como por exemplo, o Primeiro de Agosto que ultimamente está vendendo vários jogadores da sua base para o mercado estrangeiro. Mas, para que o futebol de Angola siga crescendo seria ideal que outros clubes também fizessem um bom trabalho nas suas bases, mas para isso necessitam de mais recursos econômicos.

JI: Deixando Angola, em julho, apareceu um novo desafio e você desembarcou no Kuwait para comandar o Kazma Sporting Club. Fale um pouco de como surgiu essa oportunidade e seu contrato por lá vai até quando?
BIANCHI: Quando começou a pandemia do Covid, recebi uma oferta do Kazma SC. O projeto era bem interesse e aceitei. Mas, infelizmente, não podia começar a trabalhar na data desejada pelo clube, porque o aeroporto do Kuwait ainda estava fechado. Mesmo assim comecei a trabalhar desde casa via internet e vendo muitos vídeos. Já em agosto foi liberado o aeroporto do Kuwait e pude viajar e começar os treinos. Foram momentos complicados e de muita tensão, porque ninguém sabia quando iria abrir o aeroporto e que reação mundial ia ter o covid. Graças a Deus, deu tudo certo no final. O meu contrato é de uma temporada no Kazma.

JI: Apesar do pouco tempo os resultados já começaram a aparecer com a terceira colocação na Emir Cup. Fale um pouco sobre o potencial desse clube no Kuwait, suas primeiras impressões, as competições que irão disputar e até onde vocês esperam chegar sob seu comando?
BIANCHI: A disputa da Emir Cup foi um desafio muito grande por dois motivos: o primeiro era pelo pouco tempo que tive treinando e conhecendo os jogadores e segundo que o clube estava sofrendo uma reestruturação muito grande no plantel tanto de jogadores locais como de estrangeiros. Isso ocasionou que os novos jogadores tanto locais como estrangeiros não puderam jogar essa fase final da Emir Cup e tivemos que completar o plantel com vários sub-20 do clube. Sendo que os rivais que enfrentamos tinham o plantel completo que terminou a Liga passada. Nas quartas-de-final, o sorteio nos colocou contra o segundo classificado da Liga, um clube muito forte daqui e conseguimos eliminá-los passando para as semifinais, onde encaramos o atual campeão da Liga (risos). Foi um jogo bem disputado e perdemos nos pênaltis (7 x 6) e depois ganhamos o terceiro lugar ganhando por 4 x 0. Apesar de não termos ido para a final, o resultado foi muito mais do esperado pelas circunstâncias que eu comentei antes. O Kazma é um dos clubes grandes do país, mas, que nos últimos anos oito anos não vem bem no campeonato e a diretoria do clube apostou por mim para devolver o clube no lugar que merece que é entre os melhores do país. Estou muito contente aqui, a adaptação foi muito rápida e o clube reúne boas condições para poder trabalhar bem. A meta é melhorar a classificação do Kazma dos últimos anos que não passava do quinto lugar.

JI: Você saiu do Brasil, fez carreira na Espanha como jogador e técnico e ganhou o mundo com passagens também pela Indonésia, Jordânia, Angola e agora no Golfo Pérsico. Hoje você é um cidadão do mundo, sem fronteiras, até onde você espera que o futebol te leve?
BIANCHI: (Risos) Realmente me sinto um cidadão do mundo. As vezes nem sei de que país sou. Não que eu esqueça da onde nasci ou de onde moro, mas, são tanto tempo por tantos países que muitas vezes me pergunto se as pessoas de onde eu sou ainda se lembram de mim. Eu só espero que tenha saúde para seguir nesta caminhada e que o futebol siga dando estás oportunidades. São experiência incríveis que poucos treinadores tem, que é conhecer muitas culturas e situações diferentes em cada país. É uma escola que não tem dinheiro que pague essa vivência. Uma coisa é você ir de turismo por muitos países outra bem diferente é você viver o dia a dia com o cidadão local. Porque é quando você realmente conhece o país e as pessoas como realmente são!

JI: Com tanta experiência adquirida ao redor do mundo e com muito trabalho e dedicação, você tem algum sonho a realizar? Alguma meta que ainda lhe falta dentro do futebol?
BIANCHI: Eu acho que quando uma pessoa não tem mais metas ou não tem mais um sonho a realizar, essa pessoa tocou o fundo do poço (risos). Eu não tenho uma meta ou um sonho em especial, mas, sigo lutando para ir crescendo como treinador e espero que os números de países e continentes que vou conhecendo sigam crescendo!

JI: Agradecemos o bate-papo e em nome do JORNAL DE ITATIBA-Diário, da CRN-AM e te todos os seus amigos e conterrâneos itatibenses, te desejamos muita sorte e conquistas em sua caminhada!
BIANCHI: Eu que agradeço mais essa oportunidade e confesso que sou muito agradecido aos amigos de Itatiba, que a pesar dos trinta anos que estou fora do Brasil, até hoje muita gente segue contatando comigo pelas minhas redes sociais. Parece uma coisa sem importância, mas isso me deixa muito feliz e sinto um orgulho enorme representar Itatiba pelo mundo através do futebol. Obrigado ao JORNAL DE ITATIBA-Diário, da CRN -AM e a você Marcio que sempre está dando atenção ao meu trabalho. Abração para todos e cuidem-se nestes momentos delicados que estamos passando pelo covid-19!

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