Congelamento de embriões é alternativa para preservar fertilidade
Segundo a oncologista Andrea Paladino, os profissionais trabalham para que seja realizado o tratamento sem deixar de preservar a fertilidade feminina
Foto: Lucas Selvati/JI
Da Redação
As mulheres que fazem tratamento com quimioterápicos e radioterapia na região da pelve podem ter problemas em relação à saúde fértil. Isso se deve ao fato de o tratamento ser no local onde ficam os ovários, de acordo com a explicação da oncologista clínica Andrea Thaumaturgo Lera Paladino, em entrevista ao JI.
A especialista, que faz parte da equipe de resposta rápida do Hospital das Clínicas – FMUSP, alertou que a quimioterapia e radioterapia podem afetar o tecido do ovário, destruindo os folículos, que as mulheres têm em número limitado e já nascem com eles.
“O trabalho do oncologista e do fertileuta nesses casos visa proporcionar o melhor e mais rápido tratamento oncológico, sem deixar de preservar a fertilidade feminina. Isto é um desafio em alguns casos, especialmente nos tumores que crescem com o auxílio de hormônios –estradiol e progesterona – que estão envolvidos no desenvolvimento dos óvulos, como, por exemplo, tumores de mama e endométrio, que podem aumentar durante a preservação de fertilidade”, explicou Andrea.
Opções terapêuticas
A oncologista disse que as opções para a preservação são o congelamento de embriões, “ou seja, a fusão de óvulo e espermatozoide”, ou o congelamento ovariano, “quando não há tempo para estimular a ovulação ou a paciente ainda não entrou na puberdade”.
Riscos
Sobre os riscos das opções terapêuticas, Andrea explica que estão relacionados ao estímulo hormonal, que pode aumentar o tamanho do tumor, há risco de trombose, atraso no tratamento oncológico e não obtenção de material suficiente para preservação da fertilidade.
“O procedimento cirúrgico é anestésico em si, no caso de congelamento de parênquima ovariano. A escolha do melhor tratamento deve ser individualizada para cada paciente, considerando o conjunto das patologias prévias e ponderando os riscos e benefícios em cada caso. É papel fundamental do oncologista esclarecer e orientar as pacientes em idade fértil já desde o início do tratamento oncológico, para que a melhor estratégia seja tomada em conjunto”, finalizou.