Chuva acima da média em janeiro não foi capaz de minimizar crise hídrica, mostra boletim do Consórcio PCJ
Na foto, situação do Ribeirão Jacaré registrada na tarde de ontem, em trecho próximo ao Itatiba Mall
Foto: Márcio Egídio/JI
O boletim do Consórcio PCJ, acerca da disponibilidade hídrica, mostra que janeiro de 2022 apresentou chuvas 38,8% acima da média em toda a região, no entanto, o alto volume pluviométrico não foi capaz de alterar as vazões médias dos principais rios das bacias PCJ, que ficaram, em alguns pontos de medição, até 40% abaixo do esperado para o mês.
Segundo a entidade, como o último ano foi de muita escassez, as chuvas que ocorreram nesse início de verão, ainda que acima da média, não estão sendo capazes de recarregar o lençol freático e, consequentemente, ampliar as vazões médias dos rios. “Rios com menos água circulando em seus leitos representam menos água armazenada nos reservatórios de água, como o Cantareira”, afirma o órgão.
No Boletim, o Consórcio PCJ informa que “o ideal para que haja a recuperação dos mananciais é que ocorram eventos de chuvas em um intervalo de tempo capaz de possibilitar a infiltração no solo, e que não se transforme em escoamento superficial, pois é o lençol freático que proporciona a regularização dos rios em períodos secos”.
Cantareira
As chuvas na região do Cantareira no mês de janeiro ficaram 22,1% acima da média histórica, mas o volume de água armazenada encerrou o mesmo período em 33,17%, quando o esperado para o mês é que os reservatórios estivessem em 60%. “Isso tudo se deve a baixa vazão média que está chegando ao sistema, chamada de vazão de afluência, que tem se mantido abaixo das médias históricas”, diz o Consórcio PCJ, que informa que o Cantareira recuperou apenas pouco mais de 8% da sua reservação no mês de janeiro e o esperado, para que possa ter uma reserva estratégica suficiente para atender às Bacias PCJ e a Grande São Paulo, durante a estiagem, é que esteja acima dos 60% já mencionados.
“Tudo isso se deve aos impactos causados pelas mudanças climáticas, que, na nossa região, geram essas discrepâncias climatológicas, com fortes chuvas em curtos períodos de tempo, que causam alagamentos e transtornos à população, mas não impacta na sustentabilidade hídrica”, comenta o órgão.
Alerta
O Consórcio PCJ enfatiza mais uma vez em seu boletim mensal a necessidade de persistirem as campanhas de sensibilização da comunidade para a economia de água, mesmo que as fortes chuvas verificadas no período passem a falsa sensação de tranquilidade. O documento indica que as chuvas deverão permanecer dentro ou acima da média entre os meses de fevereiro e abril, mas sem garantias de que serão suficientes para criar uma reserva que permita a região atravessar a estiagem sem impactos à população.
A entidade segue alertando os municípios e empresas que preparem planos de contingenciamento para momentos de escassez severa nos próximos meses e comecem a prever alternativas ao abastecimento, em caso de agravamento da situação climatológica a partir do mês de maio.