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Por Redação

Câmeras flagram cachorros-do-mato, fêmeas e filhote de onça-parda na Mata de Santa Genebra

As imagens são utilizadas por biólogos da área de relevante interesse ecológico para monitorar a fauna que vive na unidade de conservação

Por Redação

Foto: Divulgação

A Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO) realiza o monitoramento dos animais que vivem na Mata de Santa Genebra por meio de câmeras instaladas em seu interior. Na última semana as câmeras de monitoramento flagraram um casal de cachorros-do-mato caminhando pela unidade de conservação.

De acordo com o biólogo da FJPO, Thomaz Barrella, o casal vive no interior da Mata de Santa Genebra. “Os cachorros-do-mato são monogâmicos e o casal pode ter de 3 a 6 filhotes por ninhada. Embora não estejam listados como ameaçados de extinção, a espécie vem sofrendo forte pressão pela perda de habitat e pelo contato cada vez mais frequente com cães domésticos, dos quais adquirem doenças para as quais não possuem resistência”, explica Barrella.

Neste ano, as câmeras capturaram imagens de duas fêmeas de onças-pardas andando pela mata durante o dia, um flagrante raro. De acordo com Barrella, as onças possuem um hábito primariamente crepuscular e noturno, e durante o dia costumam descansar e se abrigar, porém, eventualmente elas podem ser vistas em atividade durante o dia.

Confira o vídeo dos cachorros-do-mato no interior da Mata em:  https://www.youtube.com/watch?v=jeUWy9BVuRg

Confira o vídeo das duas fêmeas de onça-parda caminhando pela Mata de Santa Genebra em:  https://www.youtube.com/watch?v=4_KxniyIIjk 

“No início desse ano registramos em nossas armadilhas fotográficas a presença de duas fêmeas adultas de onça parda na Mata, uma que estava com dois filhotes já bem desenvolvidos. Já tínhamos um registro anterior da outra onça, acompanhada de um macho e essas novas imagens mostraram que estava prenha. A presença de duas fêmeas adultas em reprodução na mesma área nos intrigou, pois a fêmea residente não permite outra fêmea adulta em seu território. Porém consideramos que o que pode estar acontecendo é uma espécie de "passagem de território", uma vez que uma das fêmeas, que registramos por aqui desde 2012, já está chegando no limite do tempo médio de vida para a espécie e por isso pode ter permitido que uma de suas filhas compartilhasse a área para no futuro assumir como seu território”, explica Barrella.

Outro flagrante de onça-parda

Em abril deste ano, um filhote de onça-parda foi flagrado pelas câmeras instaladas às margens do Mini Pantanal Sanã, na Mata de Santa Genebra.

Nas imagens, é possível notar ao fundo os olhos brilhantes de mais duas onças, da mãe e de outro filhote. Este flagrante aconteceu no dia 20 de março, às 1:58 da madrugada.

Veja o vídeo do filhote de onça-parda em:  https://www.youtube.com/watch?v=4nqduDWqTRM

“Aqui na Mata de Santa Genebra, as armadilhas fotográficas instaladas pela equipe técnica tem registrado regularmente a presença de onças pardas desde 2012, com registros da fêmea, do macho e de algumas ninhadas”, disse o biólogo da Mata, Thomaz Barrella. Segundo ele, as onças vagam por todo seu território em busca de água e alimento. “E nessa área ela poderia encontrar as duas coisas, motivo pelo qual ela deveria estar por ali”, explica.

Monitoramento na Mata

O monitoramento de fauna tem por objetivo acompanhar a presença, o fluxo e a saúde dos animais na floresta, e desta forma é possível saber se há a necessidade de alguma intervenção; que áreas estão mais equilibradas; se há interação entre as espécies e de que tipo; se um animal é residente, ou se está só de passagem pela Mata; se há preferência por um local específico ou se utilizam todo o espaço; se ficam somente no interior da floresta ou se utilizam as áreas ao redor.

Atualmente, a FJPO conta com 11 armadilhas fotográficas estrategicamente distribuídas pelo interior e bordas de toda a Mata. “As câmeras são capazes de filmar tanto durante o dia, como à noite, quando utilizam o sistema de visão noturna por infravermelho, que não é percebido pelos animais e assim não os assusta ou interfere nas suas atividades. Elas possuem sensores de movimento que ao detectar a presença dos animais inicia a gravação de um vídeo”, explica o biólogo da Mata, Thomaz Barrella. A cada 15 a 30 dias, os biólogos e técnicos da FJPO visitam os pontos das câmeras, fazem a checagem das baterias e trocam os cartões de memória. “É então que vem o momento mais esperado, saber quais animais foram flagrados”, conta Barrella.

Esse monitoramento é feito desde 2014 e, por meio, dele já foram registradas diversas espécies além da onça-parda e do cachorro-do-mato. Há imagens de jaguatirica, gato-do-mato-do-sul, mão-pelada, tatu-galinha, tatu-peba, gambá-de-orelha-branca, gambá-de-orelha-preta, serelepe (o esquilo brasileiro), tapiti (única espécie de coelho nativa do Brasil), lontra, capivara, furão-pequeno, cuíca, macaco-prego, bugio-ruivo, serpentes, lagartos, diversas aves, sendo dois registros os primeiros em imagem para a cidade de Campinas, o Falcão-relógio e o inhambu-chintã. Por meio das câmeras, também há registros do veado-catingueiro, espécie que não era avistada na floresta havia 30 anos. “Pudemos acompanhar sete crias da onça-parda, o que nos mostra que essa floresta é um refúgio para a fauna e que nosso trabalho, para mantê-la saudável, está surtindo efeito”, afirma o biólogo.

“Infelizmente também registramos cães e gatos domésticos, porco, boi, cavalos, que são animais que não deveriam estar nesse ambiente pois impactam negativamente no equilíbrio da floresta, seja pela predação, como pelo consumo de plantas nativas, a possibilidade de trazer doenças para os animais nativos e levar doenças que são típicas do ambiente florestal para fora, representando um risco à saúde pública e ao equilíbrio do ecossistema”, explica Barrella.

Sobre o cachorro-do-mato

O cachorro-do-mato, também conhecido como graxaim-do-mato, raposa, lobinho, lobete, rabo-fofo, guancito, fusquinho ou mata-virgem (nome científico Cerdocyon thous) é uma espécie de canídeo endêmico da América do Sul. Habita as regiões costeiras e montanhosas, adaptando-se a altitudes até 3.000 metros acima do nível do mar. No Brasil ele só não está presente em parte da região amazônica. Podem pesar de 4,5 a 7 kg, e seu tamanho médio é de 64,5 cm, sem contar a cauda, que tem cerca de 30 cm. Possuem uma cor acinzentada, com nuances castanho avermelhadas, a cauda é volumosa e possui a extremidade negra.

São animais onívoros, incluindo tanto pequenos animais, como frutas, invertebrados e raízes em sua dieta. São monogâmicos e o casal pode ter de 3 a 6 filhotes por ninhada. Embora não estejam listados como ameaçados de extinção, a espécie vem sofrendo forte pressão pela perda de habitat e pelo contato cada vez mais frequente com cães domésticos, dos quais adquirem doenças para as quais não possuem resistência.

 

 Sobre a onça-parda

As onças-pardas são animais com uma ampla distribuição, habitam diversos ambientes e ocorrem desde a Argentina até o Canadá. São animais solitários, de hábitos preferencialmente noturnos, com pelagem de cor castanha, podem atingir até 1,5 m de comprimento (sem a cauda) e pesar 70kg, as fêmeas em geral são menores que os machos. Vivem até 13 anos, média de 7 a 9, e sua área de vida pode variar de 65 a 600 quilômetros quadrados.

Não são animais de natureza agressiva e buscam evitar o contato com animais grandes (humanos inclusive), são carnívoros e se alimentam de animais de pequeno e médio porte. As onças pardas estão inclusas, no estado de São Paulo, na categoria “vulnerável” de ameaça. As principais ameaças a esses felinos são a perda de habitat, a caça e os atropelamentos.

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