Barulhos em excesso causam problemas físicos e psicológicos
Conseguir fazer as compras tranquilamente pode ser difícil quando o barulho em volta é ensurdecedor ou até mesmo constante
Foto: Divulgação/Sincomércio
Quando se anda pelas ruas do Centro de Jundiaí é difícil não se deparar com uma batalha de ruídos que gera incomodo não só para quem precisa fazer suas compras, mas para aqueles que trabalham nos comércios dessa região. São barulhos vindos de dentro das lojas saindo das caixas de som, artistas de rua tocando flautas, carros, motos, buzinas, locutores de lojas.
Sons que, segundo especialistas, podem causar danos irreversíveis à saúde. A fonoaudióloga e presidente da Associação Terapêutica de Estimulação Auditiva e Linguagem (Ateal), Mariza Pomilio, os problemas que esse tipo de exposição podem causar à saúde dependem do nível sonoro em decibéis.
"Apenas três minutos expostos a níveis acima dos 100 decibéis já são suficientes para danificar as células do ouvido interno. A alta intensidade também pode trazer consequências negativas para a saúde como estresse, hipertensão arterial, aumento da tensão muscular, dificuldades do sono, transtornos neurológicos, problemas digestivos, transtornos comportamentais, cansaço, falta de atenção, cansaço e irritabilidade", relata.
Para algumas pessoas, além de atrapalhar e causar irritabilidade, o som alto torna mais difícil qualquer espera. É o caso do ajudante Antonio Bezerra, de 43 anos, que aguardava o conserto de seus óculos e já estava irritado com o barulho ao seu redor. "A gente sai do trabalho cansado, estressado, vem ao Centro resolver alguma coisa e essa barulheira só piora. Não sei como as pessoas conseguem aguentar o dia todo com esse som alto. Estou aqui esperando meus óculos ficarem prontos na ótica e não vejo a hora de ir embora", reclama.
Para as pessoas que ficam por longas horas expostas ao excesso de barulho, os danos podem ser ainda maiores. "A exposição a longo prazo pode gerar perda de audição, zumbido ou chiados. Além disso, o barulho constante faz com que a pessoa tenha tontura, mal estar, cansaço, irritação e nervosismo", completa Mariza.
Quem convive diariamente com muito barulho, talvez não se incomode tanto, mas há uma explicação. "O ruído ambiental tem mais o menos a mesma referência do cigarro. Quem fuma não se dá conta do fumante involuntário, assim como quem gera barulho não se dá conta que está prejudicando a saúde de quem está ao entorno, afirma Mariza."
Por outro lado, há os que não se incomodam. Como é o caso da promotora de vendas Vânia de Cassia Rosa. "Nem tinha reparado no barulho, eu acho que é normal em lugares que tem muitas pessoas. A gente vem pouco para a cidade e quando vem até bom ouvir um barulhinho."
Até recentemente, a poluição sonora era vista como mero incômodo, mas segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), se tornou terceiro problema ambiental que mais afeta populações no mundo. Só perde para a poluição do ar e da água.
Fonte - Jornal de Jundiaí