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Por Cristian

2 de abril conscientiza população sobre o autismo

Estima-se que o Brasil possua cerca de dois milhões de autistas

Por Cristian

O dia 2 de abril foi instituído pela ONU como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi criada em 2007, como forma de alertar a população e os governos, que carecem de informações sobre o tema.

Uma reportagem publicada na Revista Espaço Aberto da Universidade de São Paulo (USP) afirma que, segundo dados do Center of Deseases Control and Prevention (CDC) - órgão ligado ao governo dos Estados Unidos -, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas, por isso estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de dois milhões de autistas. Somente no Estado de São Paulo são mais de 300 mil ocorrências. No entanto, esses milhões de brasileiros autistas ainda enfrentam dificuldades em encontrar tratamento adequado. Segundo a publicação da USP, o diagnóstico é impreciso, e nem mesmo um exame genético é capaz de afirmar com certeza a incidência da síndrome.

O casal Alisson Giovani Netto, 46 anos, e Helga Ribeiro Guimarães Netto, 44, contou ao JI que o filho Giovani começou a dar sinais atípicos ao completar um ano. "Ele balançava as mãos (flapping de mãos), ainda não falava, não mantinha contato visual, começou a rejeitar certos tipos de comida, não chorava quando nos afastávamos e nem demonstrava alegria quando retornávamos”.

Com dois anos, a pediatra de Giovani sugeriu a avaliação de um especialista, já que ele ainda não falava. Os pais o levaram a uma fonoaudióloga. Ela notou que Giovani ouvia, mas o encaminhou a um neuropediatra, que pediu um exame chamado Bera - que detecta se as ondas sonoras chegam ao cérebro.

Os pais, inseguros com o fato de o filho precisar ser sedado para a realização do procedimento, procuraram outros profissionais. Foi então que outra fonoaudióloga chegou à conclusão de que Giovani apresentava sinais de autismo. No entanto, o diagnóstico só foi confirmado três anos depois da suspeita, quando Giovani já tinha cinco anos.

Alisson conta que desde a suspeita foi iniciado o tratamento com vários profissionais, incluindo psicoterapia, terapia ocupacional com integração sensorial, fonoaudiologia, equoterapia entre outras atividades.

Hoje, prestes a completar 14 anos, Giovani cursa o nono ano no colégio Anglo, com ajuda de uma monitora, mas a interação ainda é um desafio. “Ele tem uma boa inclusão, é respeitado, os amigos o procuram para as atividades, mas ele tem uma dificuldade de procurar o outro, dificilmente busca alguém para brincar, devido a sua dificuldade na comunicação (...) mas ele é muito sociável, aceita estar num ambiente social, apesar de algumas dificuldades”, afirmam os pais.

Diagnóstico na fase adulta

A professora Pamella Vidal foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos 29 anos. Ela afirma que foi uma libertação. “O diagnóstico do autismo não foi uma condenação, foi uma libertação. Antes de tomar conhecimento da minha real condição, eu vivia me forçando a ser, agir e pensar como um neurotípico (aquele que não apresenta condição neurológica atípica). Essa tentativa de ser quem não era gerou grande ansiedade e depressão”.

Ela conta que não entendia o motivo de ser tão diferente dos outros, e a falta de conhecimento sobre o tema fez com que nenhum especialista da área da saúde tivesse sido capaz de identificar o transtorno. “As comorbidades eram identificadas, mas ninguém sabia a causa. Então, passei anos da minha vida me sentindo estrangeira, não conseguia ter a sensação de pertencer aos lugares, às pessoas”, afirma.

"Quando o diagnóstico chegou, aos 29 anos, foi por eu ter, finalmente, espanado. Não tinha mais condições neurológicas de fingir, de retrair, de esconder. Quatro profissionais fecharam meu diagnóstico, depois de alguns meses de avaliações. Conheci mais sobre o autismo, e quanto mais eu conhecia, mais o diagnóstico fazia sentido. Revi fotos e vídeos da minha infância e estava nítido: 'nós só não tínhamos o conhecimento'. Como foi bom descobrir! Passei a ter tratamento correto e direcionado, passei a me conhecer e me respeitar, podendo ser eu mesma".

Mesmo diagnosticada, Pamella diz que enfrenta dúvida por parte de algumas pessoas, inclusive da família. "Fui ridicularizada dentro da própria família (...) ouço constantemente as frases: 'eu não acho' e 'não parece', por isso a importância da conscientização, para acabar com o estigma de que o autismo é apenas aquele visto na televisão e nos filmes. O Espectro é enorme e está principalmente onde você não consegue ver".

Pamella finaliza dizendo que o mais importante é a aceitação pessoal. “O melhor a fazer é acolher, aceitar e ganhar qualidade de vida. Hoje, aos 33 anos, eu vivo de acordo com minhas necessidades, da forma que acredito e me sinto realizada em todos os âmbitos da vida”.

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